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Estresse no trabalho dobra risco de morte por doença cardíaca
Sexta, 18 de outubro de 2002, 15h44

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Pessoas saudáveis que têm empregos estressantes, onde ficam muitas horas e obtêm pouca satisfação, apresentam o dobro do risco de morte por doenças cardíacas comparadas àquelas satisfeitas com o trabalho, de acordo com um estudo divulgado nesta sexta-feira. Já se sabia que trabalhos estressantes podem desencadear problemas cardíacos em pessoas que já têm doenças cardiovasculares. Agora, cientistas finlandeses mostraram que mesmo as pessoas saudáveis podem pagar alto por enfrentarem uma rotina de trabalho estressante.

"O estresse no trabalho parece ser um indicador independente de morte por enfermidades cardiovasculares", afirmou Mika Kivimaki, do Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional. Obesidade, hipertensão, falta de exercícios físicos e fumo contribuem para o desenvolvimento de doenças do coração, a principal causa de morte em países industrializados.

Mas Kivimaki e sua equipe afirmaram que o estresse no trabalho também é um fator de grande importância para o aparecimento dessas enfermidades. Eles analisaram o histórico médico de 812 finlandeses saudáveis empregados em uma fábrica de metais durante 25 anos. "Mesmo após controlar os efeitos de fatores de risco cardiovascular convencionais, o alto nível de estresse no trabalho foi associado ao dobro de risco de morte por problemas cardiovasculares", destacou.

Os trabalhadores com os maiores níveis de estresse no começo do estudo estavam mais duas vezes mais propensos a morrer devido a uma doença do coração. Os resultados da pesquisa foram publicados no British Medical Journal. O estresse no trabalho envolve muitas tarefas a serem realizadas, a falta de satisfação e o sentimento de ser pouco valorizado.

Muitas pessoas trabalham por muitas horas, mas se o esforço é recompensado, o estresse é amenizado. Kivimaki disse que a pressão no trabalho pode ser nociva quando o excesso de trabalho é combinado com pouco ou nenhum controle, supervisão injusta e poucas oportunidades de carreira. "É quando você tem que se esforçar muito no trabalho, mas as recompensas são pequenas", explicou o pesquisador.

Os voluntários do estudo que passaram pelos efeitos mais adversos da pressão foram os que permaneceram no mesmo emprego estressante por cerca de cinco anos. "Nossas evidências sugerem que mais atenção deve ser dada à prevenção do estresse no trabalho", disse Kivimaki. Ele também aconselhou às pessoas que têm trabalhos estressantes que monitorem a pressão sanguínea e os níveis de colesterol e que se exercitem para reduzir o risco de doenças do coração.

Reuters

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