Os adolescentes trabalhadores da área de vendas ou de escritórios têm propensão maior a apresentar dores musculoesqueléticas - como dores nas costas ou no pescoço - que os jovens cujo trabalho envolve atividade física, segundo um estudo recente. Um levantamento feito com 502 estudantes de 7a., 8a.e 9a. séries do ensino fundamental norte-americano revelou que mais de um terço havia apresentado dores musculoesqueléticas ao menos uma vez por semana nos 6 meses anteriores à pesquisa.De um modo geral, os jovens que trabalhavam tinham probabilidade maior de sofrer desse tipo de dor que os adolescentes sem emprego. Os pesquisadores constataram ainda que os estudantes empregados em escritórios ou no setor de vendas tinham uma tendência mais elevada a apresentar dores musculares que os alunos que cuidavam de crianças ou executavam trabalhos físicos -- como jardinagem ou atividades de manutenção e na construção.
Quando surgem na adolescência, os problemas musculoesqueléticos frequentemente reaparecem mais tarde. Por esse motivo, os adolescentes podem precisar de ajuda para tratá-los ou preveni-los, explicaram os autores da pesquisa. "Cada vez mais os adolescentes trabalham meio período enquanto estudam. Por isso, deve-se cuidar das questões de saúde ocupacional dessa população", afirmaram os autores do trabalho. No atual estudo, a equipe de Debbie Ehrmann Feldman, da Universidade de Montréal e da Direção de Saúde Pública de Montreal, em Quebec, distribuiu questionários para 502 adolescentes 3 vezes num período de 12 meses.
No levantamento, os voluntários indicavam se sofriam de dores frequentes no pescoço, na coluna, nos ombros, no braço, no quadril, no joelho e nas pernas. Também relatavam o tipo de atividade que desempenhavam. Os pesquisadores também registraram os níveis de humor e ansiedade dos adolescentes para determinar se apresentavam depressão ou outro problema de saúde mental.
A equipe de Feldman descobriu que, em relação aos estudantes que não trabalhavam, aqueles que desempenhavam atividades físicas no emprego apresentavam uma probabilidade quase duas vezes maior de ter dores musculoesqueléticas. Esse risco foi 3 vezes maior entre os adolescentes empregados em escritórios ou vendas - empregos considerados de "colarinho-branco". Entre os jovens que cuidavam de crianças, a tendência a desenvolver dores musculares foi 50 por cento superior à dos adolescentes sem trabalho, relataram os autores em artigo publicado na edição de outubro do Journal of Occupational and Environmental Medicine.
Os autores explicaram ainda que não ficou claro o motivo por que diferentes empregos aparecem ligados a diferentes riscos de dor no corpo. Apesar disso, determinados tipos de atividade parecem predispor as pessoas a alguns problemas musculoesqueléticos. "Possivelmente, os adolescentes que atuam em empregos mais braçais se encontram em melhor forma física e são mais capazes de desempenhar atividades que envolvam o físico", sugeriram os pesquisadores. "Tanto tomar conta de crianças quanto as atividades de escritório, que exigem esforço das extremidades da parte superior do corpo, podem predispor a problemas no pescoço, nas costas e nos ombros."
Estudantes relataram sentir mais dor quando trabalhavam durante o ano escolar que nas férias de verão, acrescentaram os autores. Esse fato sugere que a tensão provocada por trabalhar e frequentar a escola ao mesmo tempo pode aumentar o risco de desenvolver problemas musculoesqueléticos.