Mais de um terço dos adolescentes e adultos jovens já teve pelo menos um episódio de depressão, mas menos de 20 por cento procuraram ajuda, informou Stephanie A. Riole durante o encontro anual da Academia Americana de Psiquiatria Infantil e Adolescente.Essas conclusões apontam a necessidade de compreender a resistência dos jovens a obter tratamento para os sintomas da depressão, de acordo com Riole, da Universidade de Michigan, em Ann Arbor.
"A depressão é muito comum em adolescentes e adultos jovens," disse a especialista à Reuters Health. "Nossos resultados confirmam o que percebemos clinicamente. Há uma alta incidência de depressão nesta população, ainda maior entre meninas. Além disso, este grupo tende a não procurar ajuda".
A equipe avaliou taxas de prevalência da depressão e comportamento de procurar ajuda entre adolescentes e adultos jovens a partir de dados da terceira Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição, coordenada pelo Centro Nacional de Estatísticas de Saúde, dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
Os dados foram coletados em pesquisas com representatividade nacional, realizadas de 1988 a 1994. Havia 1.958 participantes na faixa etária de 15 a 19 anos e 1.801 participantes entre 20 e 24 anos, totalizando 3.759 participantes.
Os voluntários foram questionados sobre a existência de períodos, com duração mínima de duas semanas, em que sentiram tristeza, melancolia e depressão ou perderam o interesse e o prazer em coisas que gostavam.
Eles também foram indagados sobre a possibilidade dessas experiências terem durado dois anos ou mais e se houve períodos em que tiveram esses sentimentos além de outros sintomas característicos de depressão, incluindo alterações no apetite, peso ou sono e pensamentos suicidas.
No grupo de 15 a 19 anos, 35,5 por cento relataram a presença de depressão em períodos de no mínimo duas semanas e 5,9 por cento, em períodos de dois anos. Nesta faixa etária, quase 7,5 por cento foram incluídos no critério para distúrbio depressivo grave.
Entre adultos jovens, entre 20 a 24 anos, 40,5 por cento tiveram depressão em um período de duas semanas e 7,95 por cento, de dois anos; 9,7 por cento foram incluídos no critério de distúrbio depressivo grave.
Apenas 15 por cento do grupo com depressão de dois anos procuraram o médico, enquanto 11,6 por cento do grupo com "temporadas de depressão" -- definidas como pelo menos duas semanas de comportamento depressivo e dois ou três sintomas de depressão -- procuraram ajuda. Entre quem não foi ao médico, 2,2 por cento tomaram medicamentos mais de uma vez em função dos períodos de depressão.
As garotas estavam mais propensas a procurar ajuda, mas os meninos estavam mais inclinados a tomar medicamentos vendidos sem receita. Brancos não-hispânicos estavam mais propensos a falar com o médico e os outros grupos étnicos estavam mais propensos a usar medicamentos sem prescrição.
O tipo de medicamento comprado sem prescrição e usado pelos voluntários não foi detalhado no artigo.
"Estes resultados sugerem a necessidade de melhorar a identificação, encaminhamento e acesso ao tratamento de adolescentes que podem estar convivendo com a depressão", disse Riole.