A infecção de piercings colocados nos mamilos pode, em casos extremos, resultar em abcessos desfigurantes, mas o problema não tem recebido a devida atenção por parte dos médicos ou dos adeptos da prática, disse um médico alemão na quarta-feira.Segundo Volker Jacobs, da clínica da saúde da mulher na Universidade Técnica de Munique, na Alemanha, os baixos padrões de higiene nos estúdios que fazem piercing e a falta de informação fornecida para as pessoas que os usam já tiveram consequências terríveis .
"Acredita-se que entre 2 milhões e 3 milhões de piercings de todos os tipos sejam colocados apenas na Alemanha a cada ano e que cerca de 20 por cento deles tornem-se infeccionados", afirmou o pesquisador à Reuters Health.
"O piercing deixa um furo na pele que não cicatriza por um período de tempo relativamente longo. Muitas pessoas colocam os brincos apenas duas semanas após o furo ter sido feito. Isso é estúpido, pois o orifício não cicatriza de maneira apropriada após um espaço de tempo tão curto".
"A cicatrização de um milímetro leva dez dias, e um piercing no mamilo tem aproximadamente 10 milímetros, o que significa cerca de 100 dias para que o processo de cicatrização seja completado."
Mas não há uma análise sistemática do problema, declarou Jacobs.
Está prevista a publicação de três estudos de caso conduzidos por Jacobs na revista científica Zentralblatt für Gynakologie dentro das próximas duas semanas. Um outro artigo de autoria do pesquisador será publicado na revista médica Deutsche Aerzteblatt nos próximos 15 dias.
"Estou publicando três estudos de caso no meu primeiro artigo e já vi um total de outros sete casos. Mas isso é tudo, e 9 daqueles 10 casos foram publicados nos dois últimos anos. As pessoas não têm prestado atenção suficiente ao problema", disse o pesquisador.
Em um dos relatos, uma mulher de quase 30 anos teve que se submeter à cirurgia porque um abcesso no seu seio, resultante de uma infecção de um piercing no mamilo, havia crescido até atingir o tamanho de um punho antes que ela procurasse ajuda médica.
"Tivemos de remover uma parte do seio dela medindo cinco por seis por sete centímetros. O seio da paciente foi reduzido na mesma proporção do tamanho do abcesso -- ou seja, não significa que se remova o abcesso e reste o seio inteiro", disse o pesquisador. "Ela teve, claro, de tomar anestesia geral e permaneceu no hospital por alguns dias."
Os pacientes com infecções frequentemente esperaram tempo demais antes de ir a um médico, afirmou o pesquisador.
"E as pessoas tocam o piercing quando ele é novo e não lavam suas mãos, brincam com ele -- e isso acarreta infecções. Um grande problema é que o piercing é de certo modo uma subcultura e, como tal, não muito aberta a novas pessoas oferecendo conselhos."