Só porque nossos avôs e avós não choram em casamentos nem batem os pés de raiva e frustração quando algo dá errado, isso não quer dizer que eles sejam menos sensíveis que os mais jovens, de acordo com um novo estudo."Quando pensamos que um idoso é menos sensível, estamos provavelmente enganados", disse o autor da pesquisa, Donald A. Powell, do Departamento Dorn do Centro Médico de Assuntos Veteranos, em Columbia (Carolina do Sul), em entrevista à Reuters Health.
"Eles podem expressar menos emoção, mas na verdade a controlam melhor do que os mais jovens e a sentem de forma mais intensa", disse ele.
A idéia de que as pessoas ficam menos sensíveis à medida que envelhecem é baseada em pesquisas anteriores mostrando que idosos não apresentam respostas fisiológicas associadas à emoção, como mudanças na frequência cardíaca e pressão sanguínea, de forma tão intensa quando os mais jovens. Mas isso significa que os idosos são menos sensíveis?
Para analisar a questão, Powell e a co-autora do estudo, Louisa B. Prescott, estudaram 30 pessoas entre 18 e 85 anos. Os participantes olharam para 120 fotos agradáveis, desagradáveis e neutras e as classificaram de acordo com os seguintes critérios: se as imagens faziam com que se sentissem bem ou mal, o quanto foram afetados pela imagem e se sentiam que estavam sob controle das emoções enquanto as viam.
Os pesquisadores mediram a frequência cardíaca, a atividade das glândulas sudoríparas e as mudanças nos músculos faciais dos participantes em resposta às fotos.
Powell e Prescott descobriram que o grupo mais velho, entre 65 e 85 anos, classificou as respostas emocionais às imagens como mais intensas do que as pessoas entre 35 e 64 anos. Estas, por sua vez, classificaram as respostas emocionais de forma mais intensa do que os participantes mais jovens.
As pessoas mais jovens, entre 18 e 34 anos, apresentaram as mudanças mais extremas na frequência cardíaca e em outras respostas fisiológicas.
Os idosos "são, na verdade, mais sensíveis" do que os mais novos, de acordo com Powell. Eles tiveram "mais experiência com diversas situações emocionais". Mas as alterações fisiológicas que acompanham a emoção se reduziram em pessoas mais velhas, e a razão disso é desconhecida, explicou ele.
Com base nas descobertas, "um acontecimento que pode não ter tanto impacto emocional em uma adulto jovem pode ter impacto maior em um adulto mais velho", disse Powell.
Desse modo, os idosos depressivos podem vivenciar a doença de forma mais intensa do que os mais jovens, segundo o cientista. Os médicos devem ter consciência de que os pacientes mais velhos podem precisar de doses mais fortes de medicamentos do que os mais novos.
Os resultados da pesquisa foram apresentados na segunda-feira, durante o 32o encontro anual da Sociedade de Neurociência, em Orlando (Flórida).