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Droga contra anemia reduz a necessidade de transfusão de sangue
Quarta, 11 de dezembro de 2002, 10h44

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Um medicamento que estimula o aumento da taxa de glóbulos vermelhos (hemácias) no sangue diminui a necessidade de realizar transfusão sanguínea para tratar a anemia de pacientes em estado grave de saúde, segundo um novo estudo.

Embora os pacientes tratados com a droga fossem menos propensos a necessitar de uma transfusão, a taxa de sobrevida deles não foi superior à de outras pessoas internadas em unidades de tratamento intensivo (UTIs) que receberam placebo (composto inativo).

"O número de pacientes que precisou de transfusão diminuiu", disse Howard L. Corwin, do Centro Médico Dartmouth-Hitchcock, em Lebanon (Estado de New Hampshire), à Reuters Health.

A redução da necessidade de transfusão é uma meta importante, pois diminui o risco de infecções e outras complicações, mas ainda é necessário realizar outros estudos para determinar se o medicamento, chamado epoetina alfa e comercializado nos EUA com o nome de Procrit, oferece benefícios adicionais para alguns pacientes em estado crítico.

Geralmente, os doentes internados em UTIs recebem transfusões de sangue para combater a anemia. Mas o procedimento traz riscos. Embora o estoque de sangue seja cuidadosamente testado, sempre existe uma pequena probabilidade de o paciente contrair doenças infecciosas ou apresentar uma reação alérgica.

Com a finalidade de reduzir ainda mais esses riscos, pesquisadores buscam estratégias para minimizar a necessidade de transfusões. Seguindo esse objetivo, a equipe de Corwin testou a epoetina alfa, versão sintética do hormônio natural eritropoietina, responsável por estimular a produção de células vermelhas do sangue.

Nos Estados Unidos, a empresa Ortho Biotech Products LP comercializa a epoetina alfa para tratar a anemia -- distúrbio em que ocorre a diminuição da taxa de hemácias, que transportam pelo sangue oxigênio para os órgãos e tecidos. A Ortho Biotech Products LP financiou o estudo atual. Além disso, vários cientistas receberam apoio financeiro da empresa.

No estudo, a equipe designou aleatoriamente 1.302 pacientes em estado grave de saúde para usar epoetina alfa ou placebo. Após receber uma dose inicial da proteína, os pacientes tomaram doses semanais de epoetina alfa durante três semanas, enquanto permaneceram internados na unidade de terapia intensiva.

Quatro semanas depois de iniciado o tratamento, as pessoas que receberam o medicamento foram menos propensos a necessitar de uma transfusão de sangue, informaram os pesquisadores na edição de 11 de dezembro do Journal of the American Medical Association.

Quase 51 por cento dos pacientes que tomaram a droga também precisaram de uma transfusão. Entre os pacientes do grupo placebo, a necessidade de transfusão foi maior: 60 por cento tiveram de receber sangue.

Apesar da redução da necessidade de transfusões, os pacientes tratados com epoetina alfa não apresentaram nenhum benefício clínico adicional. As taxas de morte e de ocorrência de efeitos colaterais foram semelhantes nos dois grupos durante o período de internação.

É preciso fazer uma análise formal da relação custo-benefício dessa estratégia, afirmou Jeffrey L. Carson, da University of Medicine and Dentistry do Centro Médico New Jersey-Robert Wood Johnson, em New Brunswick. Em um editorial sobre a pesquisa, Carson observou que eliminar a necessidade de uma transfusão num período de 28 dias representa uma economia de 400 dólares (o preço de uma bolsa de sangue).

Por outro lado, o tratamento de cada paciente com epoetina alfa exigiu a aplicação de três doses -- ao custo de 400 dólares cada dose, a terapia saiu por 1.200 dólares por pessoa.

A validade do procedimento depende de "quanto se está disposto a pagar para reduzir o já baixo risco apresentado pela transfusão para algo próximo de zero," comentou Carson.

"A testagem das bolsas de sangue e a investigação de novas infecções deve continuar, mas também é preciso fazer um esforço maior para otimizar o uso de transfusões de sangue e de drogas como a eritropoietina a fim de maximizar os benefícios para populações específicas", avaliou o editorialista.

Carson monitora um teste clínico financiado pela Ortho Biotech e já recebeu financiamento da empresa anteriormente. Hoje em dia, ele desenvolve uma pesquisa financiada pela Amgen Inc., fabricante de outro produto derivado de eritropoietina.

Reuters Health

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