Problemas nas gengivas e perda de dentes podem aumentar o risco de derrame, sugeriu um estudo.O estudo realizado pela equipe de Kaumudi J. Joshipura, da Harvard School of Dental Medicine, em Boston (Massachusetts), nos EUA, foi publicado na edição de janeiro de 2003 do Stroke: Journal of the American Heart Association.
A doença periodontal, que inclui gengivite e periodontite, envolve uma infecção bacteriana crônica que pode provocar a perda de dentes. Cientistas levantam a hipótese de que, com o tempo, essas bactérias que atacam a boca possam chegar à corrente sanguínea e provocar inflamação nos vasos que alimentam o coração e o cérebro.
Alguns estudos sugerem que um histórico de doença na gengiva aumenta o risco para enfarte ou derrame. A hipótese, no entanto, não é confirmada por todas as pesquisas.
A equipe avaliou a saúde cardíaca e oral de 41.380 homens de 40 a 75 anos que não apresentavam sinais de doença do coração ou diabete no início do estudo. Após 12 anos, 349 homens tiveram um derrame isquêmico, tipo mais comum de derrame, que ocorre quando um coágulo ou uma artéria obstruída interrompe o fluxo sanguíneo para o cérebro.
Os homens que tinham até 24 dentes no início do estudo apresentaram um aumento de 57 por cento no risco para derrame isquêmico, comparados ao grupo com mais de 25 dentes, disse Joshipura à Reuters Health. Na maioria dos casos, a perda de dentes foi consequência de doença na gengiva ou cárie, informou a pesquisadora. Normalmente, o número total de dentes em um adulto é 32.
Joshipura ressaltou que os resultados não significam que a perda de dentes provoque derrame.
Os pesquisadores tentaram considerar vários fatores relacionados à probabilidade de sofrer derrame, como idade e obesidade e hábitos relativos a fumo, exercício e dieta, explicou Joshipura. Ela disse ainda que era impossível controlar todas as influências sobre o risco de sofrer um derrame, como fatores genéticos.
Os autores também encontraram uma pequena associação entre presença de doença periodontal no início do estudo e risco para derrame isquêmico.
"Esse é um estudo preliminar, que precisa ser confirmado por outras pesquisas", disse Joshipura.