Os filhos de mulheres que bebem durante a gravidez apresentam efeitos do hábito até 14 anos depois, na forma de problemas do crescimento, informaram pesquisadores norte-americanos na quarta-feira. Mesmo apenas um drinque por dia-- antes considerado relativamente seguro - pode prejudicar a pessoa na adolescência e até na fase adulta, de acordo com a equipe da Universidade de Pittsburgh.
"Os filhos de mulheres que tomam pelo menos um drinque por dia no primeiro trimestre de gravidez pesam, em média, 7 quilos a menos do que crianças sem exposição", disse Nancy Day, epidemiologista que liderou o estudo.Esse é o primeiro grande estudo a mostrar que os danos provocados pelo consumo moderado de álcool durante a gravidez duram até a adolescência. E essa é uma das poucas pesquisas a demonstrar que o consumo leve tem efeitos mensuráveis.
"Não fiquei surpresa com o fato de termos verificado um déficit de crescimento, pois detectamos o problema desde o começo", afirmou Day.
"Fiquei surpresa com o fato de termos detectado o problema após a puberdade." Sabe-se que os filhos de mulheres que bebem apresentam problemas de crescimento e dificuldade de aprendizagem. No entanto, acreditava-se que as grandes alterações de crescimento da puberdade ajudariam a superar o déficit.
Segundo Day, caso as diferenças permaneçam na adolescência, provavelmente chegam à fase adulta.
A mensagem é clara - as gestantes não podem correr o risco de ingerir álcool. "Não há nível seguro. Não beba durante a gestação e, se você está planejando ficar grávida, não beba", disse a pesquisadora.
Day acompanhou 565 mulheres atendidas na clínica de pré-natal de Pittsburgh. O grupo foi acompanhado desde o quarto mês de gestação e as crianças foram estudadas até atingirem 14 anos. A equipe visitou as famílias e entrevistou as mães e as crianças.
O trabalho foi publicado na edição de outubro da revista Alcoholism: Clinical and Experimental Research e incluiu apenas exames físicos das crianças. A equipe está preparando dados sobre déficit de aprendizagem, quociente de inteligência, desempenho escolar e comportamento.
Para a pesquisadora, houve diferenças "muito sutis" na memória e aprendizagem, mas nenhum estudo nunca verificou que o uso materno de álcool afeta o QI da criança.