As adolescentes que têm parceiros mais velhos são mais propensas a apresentar comportamentos que as colocam sob risco elevado de contrair doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), demonstrou um novo estudo.Elin Begley, da Universidade Emory, em Atlanta (Estado da Geórgia), comparou dois grupos de garotas: adolescentes que namoravam rapazes pelo menos dois anos mais velhos que elas e meninas com namorados de idade próxima à delas. Descobriu que o primeiro grupo foi 50 por cento menos propenso a relatar o uso frequente de preservativos durante as relações sexuais mantidas no mês anterior à pesquisa. Entre as meninas com namorados mais velhos, também foi duas vezes mais comum o relato de que os parceiros haviam tido outras parceiras durante o relacionamento, nos seis meses anteriores à entrevista.
Os testes para detectar a presença de DSTs revelaram que as adolescentes com namorados mais velhos tinham uma probabilidade quatro vezes maior de estarem infectadas com a clamídia, bactéria que causa infecções genitais.
Essa tendência persistiu independente do grau de escolaridade da mulher e do seu conhecimento sobre prevenção do HIV e de outras doenças sexualmente transmissíveis.
Todas as voluntárias estavam grávidas, disse Begley à Reuters Health. Caso não seja tratada, a clamídia pode levar à esterilidade feminina, além de colocar a saúde do feto em risco -- pode causar cegueira e conjuntivite no bebê se não for combatida antes do nascimento. Isso provavelmente teria ocorrido, se as adolescentes não tivessem passado por exames para detectar DSTs, explicou a pesquisadora.
"Há algumas consequências sérias que podem ser bastante prejudiciais," afirmou a especialista.
A equipe de Begley apresentou esses resultados -- obtidos a partir do exame de 170 gestantes afro-americanas com idade entre 14 e 20 anos, atendidas em uma clínica pré-natal -- durante o 130o. Encontro Anual da Associação Americana de Saúde Pública, realizado na Filadélfia.
De acordo com a pesquisadora, podem haver várias razões para que as adolescentes com parceiros mais velhos adotassem uma postura de risco mais elevado para a saúde sexual do que as meninas com namorados mais jovens. Os parceiros mais velhos podem estar mais interessados na gestação e menos dispostos a usar preservativo, explicou a especialista.
A tendência de os homens mais velhos transmitirem clamídia para as parceiras é maior porque eles podem ter namorado mais garotas que os rapazes mais jovens, observou Begley. O fato de os parceiros mais velhos terem mais casos extraconjugais configura um quadro mais complexo, disse a especialista.
"Obviamente, há de fato alguns casos de relacionamentos com mais de um parceiro ao mesmo tempo, o que pode influenciar esse risco," disse Begley.
Na opinião da pesquisadora, os médicos das adolescentes deveriam oferecer-lhes informações sobre como se proteger contra as DSTs e perguntar sobre a idade do parceiro delas. Eles deveriam ainda lembrar que a resposta delas pode indicar o risco de desenvolverem doenças.
De acordo com Begley, as mulheres com parceiros mais velhos também poderiam se beneficiar da realização de exames rotineiros durante a gestação para detectar DSTs, pois são menos propensas a usar preservativos e poderiam ser reinfectadas com determinadas doenças ao longo da gravidez.
"Os médicos deveriam perguntar sobre a idade do parceiro de uma adolescente e usar a informação como um indicador da necessidade de fazer esses exames," disse Begley.