Os cientistas localizaram regiões no cérebro associadas à atenção e à concentração que parecem ser "estimuladas" com a nicotina. Essas descobertas não apenas ajudam a explicar por que a substância pode viciar tanto, mas também possivelmente oferecem "pistas" para tratamentos de pessoas que sofrem de transtorno de déficit de atenção, sugerem os pesquisadores."Foi bem estabelecido que a nicotina melhora a atenção", afirma o coordenador do estudo, Elliot Stein, do Instituto Nacional de Abuso de Drogas em Bethesda, Estado de Maryland, durante uma entrevista.
O atual estudo é o primeiro a usar um tipo de tomografia cerebral conhecido como imagem por ressonância magnética (MRI, na sigla em inglês) para identificar regiões do cérebro associadas à nicotina, atenção e concentração, explicou Stein.
No estudo, os pesquisadores avaliaram a atividade do cérebro enquanto fumantes e não-fumantes realizaram um teste rigoroso das suas capacidades de atenção e concentração: pediu-se que eles seguissem uma "corrente" rápida de números que mudavam. Os voluntários deveriam apertar um botão quando vissem uma determinada seqüência numérica.
Ao todo, 15 fumantes e 14 não-fumantes participaram do estudo. Os fumantes fizeram o teste duas vezes, uma delas usando um adesivo de nicotina no braço e a outra vez usando um adesivo inativo (placebo).
De acordo com Stein, os fumantes que estavam usando o adesivo de nicotina tiveram um melhor desempenho na tarefa de concentração do que os fumantes sem o dispositivo. O exame de imagem por ressonância magnética (MRI) revelou que mais regiões do cérebro associadas à concentração e atenção foram ativadas nos fumantes que estavam usando um adesivo de nicotina comparados àqueles no outro grupo.
Por outro lado, a nicotina não parece ter acentuado a capacidade de concentração durante testes mentais mais fáceis, disse Stein, que observou que a isso ocorre apenas quando a tarefa mental é mais difícil.
As descobertas esclarecem como os médicos podem ajudar pessoas com síndrome de déficit de atenção/ hiperatividade (ADHD, da sigla em inglês), observou Stein. Os pacientes com ADHD poderiam ser tratados com um medicamento semelhante à nicotina, que acentua sua capacidade de prestar atenção, explicou o pesquisador.
Em outras conclusões, Stein disse que os exames revelaram diferenças entre o cérebro de fumantes que estavam se abstendo de nicotina por 2 horas - e, portanto, em um leve estado de síndrome de abstinência - comparados aos não-fumantes. Mesmo embora esses dois grupos tenham tido um desempenho semelhante nos testes mentais, foi mostrado que os fumantes têm menos regiões cerebrais relacionadas à atenção ativadas, explicou o pesquisador.
A equipe do pesquisador planeja realizar mais estudos para verificar se, após duas horas, os fumantes que estão sem ingerir nicotina realmente têm um melhor desempenho em testes que exijam atenção e concentração.