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Estudo reforça associação entre fumo e doença de Hodgkin
Quarta, 11 de dezembro de 2002, 17h27

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Os fumantes parecem ter quase duas vezes mais chances de desenvolver a doença de Hodgkin, um tipo de câncer que ataca parte do sistema imunológico, informou um novo estudo. Aparentemente, o risco aumenta à medida que cresce a quantidade de cigarros consumidos e o tempo em que o fumante mantém o hábito, segundo a equipe de Nathaniel C. Briggs, da Escola Médica Meharry, em Nashville (Tennesse), nos EUA.

"O risco de ter a doença de Hodgkin chegou a dobrar para os homens que fumavam. O aumento foi proporcional aos anos de fumo e ao número de maços consumidos por dia", disse Briggs.

Mas abandonar o hábito fez diferença, acrescentou o pesquisador. "A boa notícia é que, entre ex-fumantes, o risco para a doença caiu à medida que aumentava o tempo de abstinência", disse Briggs.

A doença de Hodgkin é um câncer que atinge o sistema linfático, integrante das defesas do corpo. É mais comum em homens e normalmente ataca pessoas na faixa etária de 15 a 34 anos ou acima de 55 anos.

Pesquisas anteriores já haviam avaliado a possibilidade de o cigarro aumentar o risco para esse tipo de câncer, mas os resultados eram contraditórios. Briggs atribuiu a dificuldade em estabelecer a relação a uma série de fatores, incluindo o fato de esses estudos terem trabalhado com um número reduzido de voluntários e não distinguirem ex-fumantes de indivíduos que mantinham o hábito.

Na pesquisa da equipe de Briggs, foram coletadas informações detalhadas sobre o histórico de fumo de uma amostra relativamente grande de homens: 343 na faixa etária de 32 a 60 anos e afetados pela doença de Hodgkin e quase 2 mil sem o câncer. Os homens não afetados pelo mal foram selecionados aleatoriamente, por contato telefônico, até que os pesquisadores encontrassem voluntários da mesma idade e histórico dos pacientes com doença de Hodgkin.

Durante as entrevistas, os autores classificaram os homens como fumantes se tivessem fumado pelo menos metade de um maço de cigarros por semana durante um ano em qualquer período da vida. Os fumantes que mantinham o hábito foram os que haviam fumado nos dois anos anteriores à entrevista.

Os voluntários responderam sobre a quantidade de cigarros consumidos, quando começaram a fumar e, no caso de abandono do hábito, quando o fizeram.

A equipe de Briggs descobriu que os fumantes que mantinham o hábito apresentaram propensão duas vezes maior a desenvolver a doença de Hodgkin do que os que nunca haviam fumado. No caso dos voluntários que fumavam pelo menos dois maços por dia ou mantiveram o hábito por pelo menos 30 dias, o risco subiu para 2,5 vezes, comparados a pessoas que nunca fumaram, segundo artigo publicado no American Journal of Epidemiology.

Entretanto pessoas que haviam parado de fumar pelo menos dez anos antes tiveram um risco menor de manifestar câncer, comparados aos que mantinham-se fumantes e a quem parou de fumar mais recentemente.

A associação entre o fumo e doença de Hodgkin pareceu ser mais forte para um tipo de problema, conhecido como celularidade mista, forma mais agressiva e diagnosticada com mais frequência em pacientes acima de 50 anos. "Os homens que fumavam dois ou mais maços de cigarro por dia apresentaram um risco sete vezes maior para doença de Hodgkin com celularidade mista", disse Briggs à Reuters Health.

Apesar de a influência do cigarro no aumento do risco desse tipo de câncer permanecer desconhecida, Briggs observou que certos componentes da fumaça do tabaco e o cigarro são associados a fatores de risco para doença de Hodgkin. O especialista sugeriu que fumar também pode reduzir a ação de certas células do sistema imunológico, provocando câncer de maneira indireta.

Reuters Health

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