Um pequeno verme pode oferecer pistas para entender por que os músculos humanos deterioram-se com o envelhecimento, disseram pesquisadores.Assim como acontece com os humanos, os músculos do verme "C. elegans" começam a perder a firmeza em torno da meia-idade, segundo um estudo publicado na revista Nature. Cientistas usam o "C. elegans" para estudar processos como envelhecimento e morte celular, já que os vermes geralmente oferecem um modelo simplificado do que acontece nos humanos.
"Esse é um sistema de modelo pequeno absolutamente fantástico," disse a co-autora do estudo, Monica Driscoll, professora titular de biologia molecular e bioquímica da Universidade Rutgers, em Piscataway (Nova Jersey).
"Sabemos mais sobre o desenvolvimento, o genoma e a anatomia deste animal do que de qualquer outro no planeta. E, basicamente, as coisas funcionam da mesma maneira nos vermes e nos humanos. É mais simples no 'C. elegans'."
Seguir o processo de envelhecimento com o "C. elegans" é como ver uma foto com lapso de tempo. Em três dias e meio, o verme vai do estágio de embrião para outro em que coloca ovos. A maioria dos vermes envelheceu e morreu em 18 dias.
Driscoll e sua equipe queriam, inicialmente, estudar as mudanças no sistema nervoso provocadas pelo envelhecimento. E como os vermes ficam menos móveis e sensíveis à medida que envelhecem, os pesquisadores acreditavam que estariam no caminho certo.
Os cientistas analisaram atentamente os nervos dos vermes, comparando células de jovens com as de velhos. "Analisamos, analisamos e analisamos," disse Driscoll. "Não víamos evidências da morte de neurônios, mas quando observamos os músculos, vimos alterações dramáticas."
Driscoll e colegas começaram a procurar genes que poderiam estar envolvidos na deterioração muscular tanto em vermes quanto em humanos. "Identificamos ao menos um gene envolvido no processo, o PI (3) quinase," disse ela. "O bom é saber que quando esse gene está mutado, o começo da degeneração muscular é adiado."
Essa mutação reduz a produção da enzima codificada pelo PI (3) quinase. "Basicamente, nosso objetivo é encontrar uma intervenção farmacológica que irá reduzir a sinalização por essa via e possa ajudar a manter a integridade muscular," explicou ela.
Driscoll e sua equipe chegaram a outra descoberta interessante. Eles observaram que, embora os germes fossem geneticamente iguais e tenham crescido em ambientes idênticos, eles não envelheciam-- ou se deterioravam-- exatamente no mesmo ritmo.
"Eles eram os mesmos no início. Mas quando os observamos nos 18 dias, pudemos ver quatro classes de animais. Alguns moviam-se como jovens, alguns estavam descoordenados, outros paralisados e um grupo estava morto."
Isso significa que certos componentes do envelhecimento podem ocorrer devido a erros ao acaso em nível celular durante a vida do verme - ou do humano -, apontou Driscoll.