Uma pessoa que nasceu com a trissomia 21 e que tem por volta dos 20 anos, se perguntada se ela sabe ler ou escrever, a resposta vai ser, geralmente, uma afirmativa indignada, como afirma David Wilson, coordenador de uma comunidade rural no condado inglês de Devon, na Inglaterra, onde todos os moradores têm deficiência mental, entre eles, muitos que nasceram com Down. "Esta geração está expressando visões de adultos, tem uma expectativa muito mais alta, mais ambição, exigem mais de nós, da sociedade", analisa Wilson. Mas não é raro que os mesmos pais que incentivaram seus filhos a não se deixarem definir pelas limitações de sua condição genética sejam os primeiros a temerem o grito de independência deles.
"Eu disse a eles que era a hora de eu ir embora, que se tratava da minha vida, e que ela tinha que aceitar a minha decisão", lembra Andrew, que participa do comitê que dirige a Down's Syndrome Association, na Grã-Bretanha.
Numa negociação entre pais e filhos, o experimento de viverem mais distantes e independentes uns dos outros, é construído, como contou Suely Viola, mãe do judoca Breno, de 23 anos. "Só deixei o Breno andar sozinho há três anos porque ele me cobrou muito. Ele perguntava: 'E quando você morrer, meus irmãos vão sair comigo ou vão me deixar em casa?'. Isso mexeu muito comigo e aí eu resolvi começar a deixá-lo mais solto. No início, eu ia seguindo o Breno, escondida, para ver se ele atravessava o sinal direito, se falava com estranhos...", revela Suely.
O preço da integração social inclui não só a independência na hora de ir e vir dos jovens e adultos com síndrome de Down como também o desejo de exercer suas sexualidades, o que deixa muitos pais temerosos com esta novidade.
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