A experiência pessoal vivida pelo jornalista e documentarista Evaldo Mocarzel o inspirou a fazer um curta-metragem sobre a síndrome de Down. Ele está em pleno processo de produção de um documentário de 15 minutos que deverá ser distribuído em hospitais, maternidades e Apaes para ajudar a atenuar o impacto inicial vivido pelos pais após a confirmação do diagnóstico de que o filho é trissômico 21. "Como eu vivi a experiência na própria carne, posso me dar ao luxo de desmistificar, de uma maneira irreverente, este problema que não é tão insolúvel assim", diz Evaldo Mocarzel.
Para Evaldo Mocarzel, que definiu a sensação de descobrir que sua segunda filha, Joana, tinha a síndrome de Down como "se um edifício de 300 andares tivesse desabado em cima da minha cabeça, como se tivesse sido sorteado numa loteria às avessas", quer que o seu documentário trate da rejeição vivida pelo pai.
"A mãe dificilmente rejeita o filho. Até porque os pais não carregaram o bebê nove meses na barriga", acredita Evaldo que quer levar seu documentário também para festivais de cinema no Brasil e no exterior.
Para o documentarista, se ele tivesse tido mais informações sobre a síndrome, na época do nascimento de sua filha, tudo teria sido mais fácil. "Na hora em que você resolve a questão da rejeição, acho que 90% dos problemas estão solucionados. A partir do momento em que você ama o teu filho, você vê várias luzes no fim do túnel, e percebe que não é nenhum bicho de sete cabeças", diz Evaldo.
A linguagem e o dia-a-dia das pessoas que têm a síndrome de Down farão parte deste curta que deverá estar pronto no final de 2003. "Quero dar uma visão irreverente, bem-humorada e politicamente incorreta também já que tudo hoje é tão paternalista. Quero usar muito a linguagem deles pois as pessoas com síndrome de Down são muito engraçadas. Elas são especiais sim, não adianta dizer que não são. Elas têm problemas e deficiências, mas têm tambem potencialidades. São caprichosos, dissimulam pouquíssimo e são muito afetuosos", diz o pai de Joana Mocarzel.