BBC Brasil: Oliver foi o primeiro filho de vocês que tiveram mais três. Você teve medo de ter outro filho com Down?Georgie Hill: Nós decidimos ter outro filho logo pois achamos que seria bom para o Oliver ter um irmão ou uma irmã próximos em idade para incentivá-lo. Mas foi o oposto que aconteceu,já que Oliver é muito atirado e Joshua é muito tímido.
Depois do nascimento de Joshua, nós chegamos à conclusão de que devíamos relaxar e ver o que Deus nos reservava. E somos muito felizes, pois todos os nossos quatro filhos, incluindo Oliver, são crianças muito saudáveis, e é só isso que importa.
BBC Brasil: Damon Hill, seu pai, Graham Hill, foi campeão de Fórmula 1, e você repetiu o feito, numa profissão dominada pela pressão de chegar em primeiro lugar. Isso tudo de alguma maneira interfere nas suas expectativas em relação ao Oliver?
Damon Hill: Nós sabemos que, como seres humanos, nossa vida não é uma corrida, não é simplesmente chegar antes de todo mundo. A Fórmula 1 é um esporte fantástico, muito intenso, pura competição, mas não é a vida. Nós sabemos também que para nos sentirmos bem como seres humanos é preciso ajudar os que não são tão rápidos ou eloqüentes como nós. Oliver é como qualquer criança que precisa ser incentivado e ajudado. Mas ele também tem que lidar com um certo nível de pressão. Oliver vai à escola, tem deveres de casa, precisa se vestir sozinho... Ele não gosta, como qualquer jovem, mas faz...
Georgie Hill: O fato de Oliver ter Down não significa que ele tem algum favoritismo sobre os nossos outros três filhos. Mesmo que a gente fizesse isso, os outros não iam deixar passar.
Damon Hill: Mas existe uma grande honestidade em Oliver que não há nas outras crianças da família. Ele está em paz consigo mesmo. Ele vive o presente, não está preocupado com o próximo brinquedo, com a próxima novidade. Acho que Oliver é um rapaz feliz pois se sente amado pela família. Ele tem as suas prioridades resolvidas.
BBC Brasil: O que estaria faltando para que as pessoas que nasceram com Down fossem mais integrados à sociedade?
Georgie Hill: Acho que as coisas estão indo cada vez melhor, pelo menos na Grã-Bretanha. As crianças com síndrome de Down estão sendo encaminhadas diretamente para as escolas ditas normais. Quando o Oliver nasceu, há 14 anos, a gente teve que batalhar muito para que ele pudesse freqüntar uma escola regular. Além disso, nos últimos tempos, a gente está vendo cada vez mais pessoas com Down na televisão e a mídia está dando mais cobertura para as questões relacionadas à trissomia 21.
Damon Hill: Informação é importante e quando digo isso, não estou pensando na população que tem Down e sim na sociedade em geral. A maior parte dos problemas em relação à integração dos portadores da síndrome vem do fato de que a sociedade não está exposta aos que têm alguma deficiência. As pessoas não sabem como lidar com os deficientes, como incorporá-los em suas vidas. Esta é, para mim, a batalha principal para a integração da população que nasceu com a síndrome de Down.
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