No caso da ioga ministrada sob medida para crianças que têm necessidades especiais, uma das grandes autoridades internacionais no assunto é a brasileira Sonia Sumar. Sonia mora em Chicago, nos Estados Unidos, onde fundou um centro de ioga onde são ministradas as aulas criadas por ela para crianças que têm anomalias genéticas, autismo, paralisia cerebral e problemas de aprendizado em geral.
Há quase três décadas praticando e ensinando ioga, Sonia decidiu direcionar seu trabalho para as crianças com necessidades especiais, depois do nascimento de sua segunda filha, Roberta, em 1972.
Roberta, que morreu com quase 15 anos, sobreviveu um parto difícil quando ela engoliu muito líquido amniótico e teve problemas respiratórios sérios até três anos.
"Logo que a Roberta nasceu, comecei a trabalhar o corpinho dela, que era muito hipotônico (músculos fracos) e o médico que a acompanhava mensalmente se mostrava muito surpreso com os progressos dela. Me lembro que ele dizia: 'Não sei o que você está fazendo, mas continue!'", lembra Sonia Sumar.
A professora explica que a ioga é um sistema de vida e não só um hábito de academia e ela acredita que sua prática é capaz de melhorar a capacidade física e mental da pessoa mas dá um aviso aos pais que freqüentam seus seminários, ministrados na Europa, Estados Unidos e Brasil.
"Quando comecei a fazer ioga na Roberta, eu evitei ler a literatura médica sobre síndrome de Down pois ela só se concentra no lado negativo da condição. A gente precisa ver o positivo, o potencial, a luz que existe na pessoa e trabalhar com isso", explica Sonia.
Os benefícios da ioga, segundo Sonia Sumar, têm origem no princípio de que o corpo está sendo trabalhado de dentro para fora e a criança com Down, que normalmente nasce com fraqueza muscular, ou hipotonia, pode ter seu rendimento físico e mental extremamente revitalizado.
"A ioga fortalece toda a musculatura, o que vai ajudar pulmão e coração. A chave e a porta para isso é a respiração. Geralmente, as pessoas com Down respiram pela boca e, ao corrigir isso, ela passa a ter mais oxigênio no cérebro, aumentando a concentração e o desenvolvimento em geral", diz Sonia.
E com o maior orgulho, Sonia Sumar fala da filha, Roberta, a quem chama de "minha guru".
"Meu objetivo era fazer com que a Roberta se sentisse importante, que ela fosse uma pessoa que tivesse compaixão por aquelas que tinham preconceito contra ela e que não se sentisse diminuída por que tinha a síndrome de Down".
"E eu sei que, apesar de ter vivido menos de 15 anos, a Roberta tinha uma compreensão de vida que muita gente que vive 90 anos não tem. Lembro que, um dia, quando ela tinha oito ou nove anos, a Roberta disse: 'Mamãe, eu sou sua mestra'. Achei, na minha ignorância, que ela estava enganada e respondi que eu era a mestra, pois era eu quem ensinava ioga para ela desde bebê. Hoje vejo que ela tinha entendido tudo muito bem".
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