Seção prêmio mulher empreendedora

Uma vida de sonhos e realidades



Bahia
Município: Santa Cruz da Vitória

Karla de Ascenção Peixoto Nascimento, analista do Sebrae/BA, elaborou o estudo de caso sob a orientação dos professores Edilberto Gargur Martins dos Santos, da Universidade de Salvador (Unifacs), e Patrícia Barros Moraes, da Faculdade de Tecnologia Empresarial (FTE), integrando as atividades dos Projetos “Desenvolvendo Casos de Sucesso” e “Prêmio Sebrae Mulher Empreendedora 2005”, do Sebrae.

Introdução

Santa Cruz da Vitória, município carente, localizado no sul da Bahia, a 507 quilômetros de Salvador, com uma população de 8.100 habitantes, segundo o Censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem como principal atividade a pecuária bovina de corte e como a segunda atividade econômica do município, a apicultura, uma alternativa de geração de emprego e renda.

Cidade tranqüila, lugar de gente simples, sem muitas perspectivas de negócios. No final dos anos 80, a população, bastante desacreditada por causa da crise do cacau e do clima seco que prejudicava ainda mais a pecuária, sonhava com dias melhores. Nascida e criada no município, Maria Conceição dos Santos, desde 1981, ainda muito jovem, buscava no comércio e no meio rural melhorar a qualidade de vida de sua família e da comunidade. Batalhadora incansável, Conça, como era conhecida, acreditava que as oportunidades, aliadas à motivação, proporcionariam o desenvolvimento sustentável do seu município.

Sempre motivada e incomodada com a crise que assolava a região, Conceição sonhava com o progresso do seu município e buscava alternativas economicamente viáveis que possibilitassem oportunidades de emprego e, conseqüentemente, melhoria de renda para a população.

Pobre região rica

O sul da Bahia viveu seus tempos de prosperidade e riqueza social, quando a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) fazia retornar à região as taxas retidas pelo governo federal com a comercialização e exportação do cacau. Considerados o período áureo da região, os anos de 1970 foram marcados pela febre da riqueza e de valores centrados no ter. A região de monocultura tornou-se referência nacional e internacional. Havia riqueza, muita riqueza, e distorções sociais também. Por isso mesmo foi chamada de “pobre região rica”. A cultura do ter forjou comportamentos e valores invertidos. O final da década de 80 deu mostras dessa verdade. O suceder das gerações resultou no dito sintetizado pelo povo: avô rico, pai nobre, filho pobre.

Os tempos mudaram. A região empobreceu. Nos anos de 1990, além da queda das cotações internacionais do preço do cacau, a vassoura de bruxa (enfermidade causada pelo fungo Crinipellis perniciosa) assolou as roças dos frutos de ouro. Foi a mais séria enfermidade causada à lavoura cacaueira.

Natural da região amazônica, essa doença ocorreu em países da América do Sul e ilhas do Caribe, sendo responsável por perdas da ordem de 40% na produção de cacau da Amazônia brasileira e em torno de 30% na Venezuela. Sob condições de umidade e calor favoráveis ao fungo, mais de 90% dos frutos podem ser atacados e destruídos. No sul da Bahia a sua presença foi constatada pela primeira vez em maio de 1989, numa plantação situada no município de Uruçuca. Nessa região a doença se espalhou muito rapidamente.

A região buscou alternativas para sobreviver. É das grandes crises que surgem as grandes soluções, a sabedoria popular também ensina isso. Foi o tempo de revisão de valores, de mudança paradigmática, de deslocamentos de olhar. A geração daqueles que vivenciaram os tempos do cacau teve o olhar esfumaçado e nova geração surgiu com o olhar voltado para outros focos.

A decadência do cacau deixou marcas profundas em toda a região. Com a crise instalada, os produtores não conseguiam cobrir os seus custos, fazendo com que a população, que vivia basicamente da monocultura cacaueira, buscasse alternativas de emprego. No início dos anos de 1990, Santa Cruz da Vitória, atingida pela crise e pela escassez de chuvas que comprometia as pastagens, sofreu fortes prejuízos, levando a população a buscar alternativas de renda em outras atividades.

Produção de cacau (Bahia)
Ano Produção(t)
1985/86 397.362
1999/00 96.039
2003/04 144.518
2004/05 122.425
Fonte: Comissão Executiva do Plano de Lavoura Cacaueira (Ceplac)


O empobrecimento ficou evidente na região. Houve uma migração acentuada; o desemprego começou a assolar a região, agravando ainda mais o fluxo migratório. Em 1994, após vários treinamentos de gestão e administração rural, Maria Conceição participou, pela primeira vez, de um curso sobre iniciação à apicultura e vislumbrou na atividade um grande potencial para o município. Com o apoio de diversas instituições da região, Santa Cruz da Vitória buscou alcançar o seu desenvolvimento sustentável, pois reunia as condições naturais em termos de flora apícola, voltadas principalmente à produção de mel.

A apicultura surgiu como uma oportunidade de melhoria de vida em Santa Cruz da Vitória, pois, além de ser uma atividade diversificadora e ecologicamente correta, era uma grande geradora de emprego e renda.

A oportunidade que faltava

A apicultura era considerada uma das grandes opções para a agricultura familiar por proporcionar o aumento de renda, por meio do aproveitamento da potencialidade natural e por sua elevada capacidade produtiva.

A apicultura é a arte de criar abelhas (Apis melífera), com o objetivo de proporcionar ao mercado produtos como mel, cera, geléia real, própolis, pólen, e, ainda, prestar serviços de polinização às culturas vegetais.

No Brasil, essa atividade teve início em 1839 com abelhas mansas vindas da Europa e em 1956 foram introduzidas abelhas africanas, mais produtivas, porém mais agressivas. Essas abelhas acabaram cruzando com as européias, resultando nas abelhas africanizadas.

O município de Santa Cruz da Vitória surgiu de uma fazenda do Sr. José Guedes de Magalhães, a partir de 1947. No dia 28 de outubro de 1957, tornou-se distrito de Ibicaraí. A emancipação se deu em 5 de julho de 1962, realizando assim o sonho do Sr. Guedes, o qual foi prefeito por três mandatos. Em 1985, após algumas experiências vividas, Maria Conceição fez um curso de cabeleireira e abriu o primeiro salão de beleza feminino de Santa Cruz da Vitória, atendendo, também, as cidades circunvizinhas.

O salão de beleza cresceu, o número de clientes aumentou. Em 1998, Conceição convidou Sherley Rosângela Santos para fazer uma parceria, que resultou numa sociedade com bases sólidas.

Seu pai, Sr. Antonio Rafael dos Santos, tinha uma pequena propriedade rural e Maria Conceição, com a intenção de melhorar a renda da família e a qualidade de vida da sua comunidade, buscava constantemente oportunidades e alternativas para o município. Em 1994, Conça participou de diversos cursos rurais, entre eles o curso de Iniciação em Apicultura. Na primeira colheita do mel, ela percebeu uma grande oportunidade e convenceu o seu pai, que resistia à idéia de criar abelhas, a instalar um apiário em sua propriedade.

No mesmo ano, José Antonio Sobrinho, proprietário de alguns hectares de terra, procurou o Sindicato Rural do município de Santa Cruz da Vitória, solicitando ajuda para acabar com as abelhas que estavam atacando a criação de gado. Atendendo ao seu pedido, o sindicato encaminhou-o para o município de Floresta Azul, onde estava sendo ministrado o curso Iniciação em Apicultura. Zé Antonio, como era chamado, voltou encantado e, em vez de exterminar as abelhas, aliou-se a Maria Conceição e juntos reivindicaram que a Ceplac, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Federação da Agricultura do Estado da Bahia (Faeb) e a Prefeitura Municipal de Santa Cruz da Vitória promovessem cursos intensivos de apicultura, certos de que essa seria uma alternativa econômica para os pequenos produtores locais. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município apoiou a iniciativa e conseguiu atender a solicitação do grupo, tornando-se um grande parceiro.

A proposta tomou corpo e em 1995 foi criada a Câmara Setorial de Apicultura, sendo Maria Conceição eleita a secretária. Juntamente com o grupo, ela adquiriu os equipamentos necessários ao beneficiamento do mel, ficando instalados em uma sala do Sindicato Patronal Rural, órgão que muito contribuiu para alavancar a apicultura no município.

Percebendo que a Câmara Setorial de Apicultura não atendia as suas necessidades, pois era vinculada ao sindicato e dele dependente, dificultando as reivindicações junto aos órgãos de apoio, o grupo criou, em junho de 1996, a Associação dos Apicultores de Santa Cruz da Vitória (Apisv), inicialmente com 17 associados. Na época foi eleita a presidente Maria Ângela de Santana, mostrando, desde o início, a força feminina no segmento apícola. “Tenho a atividade como alternativa de emprego. As abelhas me sustentam”, comenta Ângela.

Fundada a associação, os objetivos gerais foram: fortalecer a organização econômica, social e política dos apicultores; racionalizar as atividades econômicas, desenvolvendo formas de cooperação que ajudassem na produção e comercialização; garantir os direitos dos associados junto ao poder público, principalmente no atendimento das necessidades de educação, saúde, habitação, transporte e lazer; contribuir para a organização de movimentos voltados para a preservação ambiental. Maria Conceição ressaltou que foi um trabalho difícil, pois, além de incentivar a comunidade e lutar em busca de mercados para a comercialização do mel, os membros do grupo tinham que conviver com o preconceito na cidade, sendo chamados de “caçadores de besouros”.

Diante do preconceito, a associação não desanimou. Ao contrário, disseminou a importância da atividade por meio de cursos e palestras para iniciantes, convencendo a população de que aquela era a grande alternativa para Santa Cruz da Vitória, e buscou, junto aos parceiros, ações que consolidassem a apicultura no município. Aos poucos a vida dos moradores de Santa Cruz da Vitória começou a mudar. Surgiram as oportunidades de empregos em função dos apiários instalados, diminuiu o fluxo migratório no município e melhorou, consideravelmente, a renda das famílias que passaram a ter na atividade uma grande alternativa.

Como se não bastasse, em 1998, Conceição foi convidada a fundar, juntamente com 12 amigos, a Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Boca Seca, sendo eleita a presidente. A participação e o envolvimento de Conça nas atividades se davam em função do dinamismo, da garra e da luta de uma filha santa cruzense que apostava e acreditava em um futuro próspero para o seu município. Uma das grandes conquistas durante a sua gestão foi levar energia elétrica para o campo. Mas seus olhos, sempre voltados em direção à apicultura, encantados com as oportunidades que a atividade oferecia, conduziam a jovem empreendedora à conquista de novas oportunidades. Neste mesmo ano, o Sebrae, que já havia apoiado a realização de curso de iniciação em apicultura anteriormente, mas de forma isolada, ao tomar conhecimento da existência da associação no município de Santa Cruz da Vitória, procurou a Ceplac, por meio do pesquisador e chefe do setor de apicultura da instituição, Ediney de Oliveira Magalhães, e juntos montaram uma estratégia que consolidou efetivamente a atividade apícola como um agronegócio no município. A partir daí a Prefeitura de Santa Cruz da Vitória também tornou-se uma grande parceira, apoiando efetivamente as ações.

Houve a capacitação de novos apicultores; treinamentos tecnológicos aprimorando o manejo para alta produtividade das colméias; incentivo à troca de rainhas velhas por rainhas novas e selecionadas; missões técnicas aos congressos e seminários; além de realização de reuniões mensais com apicultores de toda a região, com palestras e discussões técnicas, sempre visando ao desenvolvimento da cadeia produtiva do mel.

Os resultados das ações não poderiam ser outros. O número de apicultores, que era de 17, em 1996, passou para 30, em 1999; a produção de mel, que era de 800 quilos anuais, ultrapassou 7 toneladas no mesmo período. Aos poucos, Santa Cruz da Vitória voltava a sorrir e sonhar com dias melhores.

Vislumbrando novos horizontes, Maria Conceição, inquieta por natureza, aproveitou um dos cursos oferecidos pelo Sebrae e aprendeu a agregar valor ao mel, produzindo compostos como mel com própolis, mel com pólen, mel com alho, entre outros. Nessa época ela saía de porta em porta, levando uma sacolinha, visitando os moradores de Santa Cruz da Vitória e, principalmente, das cidades circunvizinhas. Divulgava e vendia os seus produtos, conquistando clientes e levando esperança às pessoas que viviam desacreditadas de seus sonhos. Conça ficou conhecida como “a menina do mel”. Motivadora, persistente e carismática, ela tornou-se um exemplo de mulher empreendedora na região.

Projeto social - Resultados positivos de uma forte parceria

A prova maior de que a apicultura era uma vocação do município foi a aprovação, no ano de 2002, do projeto Apicultura - Produção de Mel no Sul da Bahia – Alternativa de Alimentação, Emprego e Renda, por parte da Food and Agricultures Organization of the United Nations (FAO), Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, que liberou recursos da ordem de US$ 10 mil, que foram aplicados no município de Santa Cruz da Vitória. O projeto, elaborado pela Ceplac, pelo pesquisador Ediney de Oliveira Magalhães, contou com a parceria do Sebrae, da Prefeitura Municipal e da Associação dos Apicultores de Santa Cruz da Vitória.

O projeto beneficiou 20 famílias que viviam abaixo da linha de pobreza, fornecendo um total de 100 colméias, cinco por família, para produção de mel, as quais foram divididas e instaladas em quatro apiários. A escolha dos participantes se deu por meio de um processo seletivo, em que foram levadas em consideração a renda familiar, a vocação e a aptidão pela atividade. Os beneficiados participaram de aulas práticas e teóricas, de iniciação em apicultura, gerenciamento básico, associativismo e capacitação tecnológica. Além das colméias, eles receberam indumentárias e equipamentos essenciais à atividade. O projeto fortaleceu a Apisv, que passou a contar com 50 associados. O filho de Conceição, Emerson Santos Almeida, adolescente de 16 anos que residia com o pai, Celino Silva Almeida, foi um dos contemplados no projeto e, como diz o ditado, filho de peixe, peixinho é. O jovem carregava no sangue a garra e a determinação de dona Conça.

Emerson aprendeu em pouco tempo, com o tio Évio Teixeira Castro, um dos grandes incentivadores do projeto, a confeccionar suas próprias caixas, o que resultou na ampliação do seu apiário, tornando-se um exemplo dentro do grupo e motivo de orgulho para seus pais. Neste projeto Maria Conceição participou como voluntária e destacou-se pela sua dedicação e empenho. Sempre incentivadora da atividade, acompanhava os novos apicultores e orientava no que fosse necessário.

Para análise e acompanhamento do projeto, visitaram Santa Cruz da Vitória o oficial encarregado das relações com a mídia, Enrique Yeves; o técnico de imprensa da FAO/Roma, Massimo Fioravanti, e a assistente do Programa da FAO no Brasil, Clarissa Baleeiro de Sá Adami. “Estamos satisfeitos com a antecipação em cinco meses dos resultados do projeto”, comentou Clarissa Baleeiro.

A inserção das famílias carentes na atividade refletiu no aumento do número de associados, que era de 30 para 45. A produção de mel de 7 toneladas aumentou para 12 toneladas. Além da geração de emprego houve melhoria de renda para os envolvidos na atividade. Os resultados favoreceram, também, a liberação de recursos por parte do Banco do Nordeste, para alguns apicultores que compunham a associação.

A doce luta de uma mulher empreendedora

Em 2002, Maria Conceição tomou conhecimento do Programa para o Desenvolvimento de Habilidades Empreendedoras (Empretec), promovido pelo Sebrae em Itabuna, e pleiteou uma cortesia junto à instituição, sendo beneficiada com uma bolsa na condição de “empresária carente”. Exemplo de mulher empreendedora, Conça chamou a atenção em sala de aula, pois aproveitou todos as oportunidades para divulgar e vender os seus produtos e criar sua rede de contatos.

Após a participação no Empretec, Conça abriu e registrou a sua Indústria de Produtos Alternativos (Pronatsul Bahia), em Santa Cruz da Vitória, realizando um dos seus grandes sonhos, gerar emprego e renda no seu município. Os produtos eram fabricados à base de mel e conquistaram clientes das principais cidades circunvizinhas. Inicialmente contou com oito pessoas na área de produção e venda.

Mas, consciente de que a união faz a força, Conceição não abandonou a associação e o sucesso do projeto implantado pela FAO/Sebrae/Ceplac culminou na boa articulação da Prefeitura de Santa Cruz da Vitória e da Associação de Apicultores com o governo estadual, resultando na construção da casa do mel para beneficiamento dos produtos com qualidade e dentro das normas de higiene e manipulação, inaugurada em janeiro de 2005.

Preocupados com a forma de comercialização do mel, os apicultores deram mais um importante passo fundando, em junho de 2005, a Cooperativa dos Apicultores da Bacia do Rio Cachoeira (Cooperapis), com sede em Santa Cruz da Vitória. Os principais objetivos da cooperativa eram organizar a produção apícola e promover o fortalecimento comercial dos produtos, facilitando a comercialização, buscando novos mercados e garantindo o fornecimento de insumos. Foram 10 cidades referenciais no chamado campo de atuação da cooperativa, compreendendo Santa Cruz da Vitória, Ibicaraí, Itajú do Colônia, Itapé, Floresta Azul, Iguaí, Firmino Alves, Itororó, Ibicuí e Itabuna.

Évio Teixeira Castro, presidente da Apisv e da Cooperapis, exemplo de sucesso na atividade, iniciou na apicultura em 1996 com menos de 20 caixas, atingindo mais de 150 em 2004. Esposa e filha adolescente envolvidas na atividade, Évio relata que a apicultura surgiu como uma grande alternativa para driblar a falta de empregos em Santa Cruz da Vitória. “Tenho na apicultura a principal fonte de renda da minha família”, ressaltou.

A cidade de Santa Cruz da Vitória, por meio da Câmara Municipal, orgulhosa da filha empreendedora, prestou homenagem à vencedora e a toda a equipe que compõe a Pronatsul Bahia.

Conceição, além de ter concedido entrevista à TV Santa Cruz (filiada à Rede Globo) em Itabuna, passou a receber diversos convites para fazer palestras em eventos da região. Um deles foi da Faculdade de Ilhéus, com o tema liderança empreendedora. Os estudantes escolheram o caso dela para estudar e disseminar na região. Para Maria Conceição, são os sonhos que nos motivam a buscar novas formas de ver e viver a vida. Transformá-los em realidade depende, apenas, da visão que temos do mundo.

Colhendo o que plantou

A apicultura tornou Santa Cruz da Vitória mais conhecida. A cidade viveu a doce realidade de ter a apicultura como sua segunda atividade econômica depois da pecuária de corte, embora isso ainda não estivesse registrado nas estatísticas oficiais. Considerada uma riqueza inexplorada, a atividade, em pouco tempo, contribuiu consideravelmente com o aumento da qualidade de vida da comunidade.

Os apicultores provaram que é uma atividade ecologicamente correta, financeiramente viável e de rendimento compensador. Exemplo disso é o investimento que Maria Conceição fez: além de estar com todos os seus produtos com código de barra e embalagens e rótulos modernos e apropriados, ampliou as instalações da área de produção de derivados de produtos naturais e alternativos da Pronatsul, onde pretende gerar treze empregos diretos.

O comprometimento dos parceiros envolvidos no desenvolvimento do projeto contribuiu bastante para o sucesso dos resultados, mas a razão maior foi a união, a fé e o comprometimento dos apicultores de Santa Cruz da Vitória, contando sempre com a garra e a persistência de Maria Conceição. Ela afirma que não foi só a vida dela que mudou com a atividade, mas a de muitos moradores da cidade que não tinham nenhuma perspectiva de trabalho.

A Cooperapis obteve o aval do Serviço de Inspeção Estadual (SIE), junto aos órgãos competentes, cuja certificação foi essencial para a conquista direta pelos apicultores das gôndolas de supermercados e casas especializadas.

Em meados de 2005, o objetivo da cooperativa era investir na produção de própolis, que despontou como uma grande alternativa no sul da Bahia. Instituições como a Ceplac, Sebrae, Banco do Nordeste e prefeituras municipais estarão reunidas para mostrar aos apicultores a importância de investirem no produto e de tornarem a Cooperapis e a região sul da Bahia referências nacional e internacional.

“Aquele que toma a realidade e dela faz um sonho é um poeta, um artista. Artista e poeta será também aquele que do sonho faz a realidade”.
(Malba Tahan)

Questões para discussão

- É um sonho dos apicultores de Santa Cruz da Vitória tornar a cidade conhecida e reconhecida nacionalmente como a cidade das abelhas. O que falta para a conquista desse título?

- Como expandir a comercialização da Pronatsul e inseri-la em novos canais de distribuição em nível nacional?

- É possível que a persistência e a determinação de uma mulher sejam transferidas para os membros de uma comunidade carente, induzindo-os ao desenvolvimento sustentável?



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