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Presidente da Academia elogia Fernanda Montenegro

Fernanda Zaffari, direto de Los Angeles

O presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, Robert Rehme, deu entrevista coletiva na tarde de quinta-feira e reconheceu o impacto de dois fatos novos sobre o Oscar 99: a internacionalização e a chegada da Internet. Quando os repórteres da RBS perguntaram sobre o cinema brasileiro, Rehme não se conteve e despejou uma lista de elogios a Fernanda Montenegro. Disse que assistiu ao filme Central do Brasil e ficou tocado com a interpretação da atriz brasileira.

Rehme destacou que jamais tantos filmes não-americanos conseguiram indicações. Ele considera positivo o fato de que mesmo os filmes americanos concorrentes envolvem filmagens e pessoas de outros países. Este é o primeiro ano em que o Oscar estará em tempo real na Internet, a cada prêmio divulgado.
O presidente da Academia entende que nos próximos anos esse fator mudará o alcance do show do Oscar ao redor do mundo
.

Rehme encerrou lembrando que, neste ano, pela última vez, o Oscar será realizado no Dorothy Chandler Pavilion. No ano que vem, ele se despede do Shrine Auditorium e em 2001 já será realizado no novo teatro que a Academia está construindo, especialmente para a cerimônia, em Hollywood.


A Academia realiza neste sábado o seminário dos diretores dos filmes indicados para o prêmio de língua estrangeira, no Samuel Goldwyn Theater, em Los Angeles, onde os cinco realizadores estarão recebendo a imprensa do mundo inteiro. As senhas para participar do seminário se esgotaram no mesmo dia.

Jamais os filmes estrangeiros, principalmente os de língua não-inglesa tiveram no Oscar o destaque que estão tendo neste ano de 1999. Quem acompanha o Oscar há mais tempo pode contar episódios parecidos com este. Como na década de 70, quando o maravilhoso Z, do grego Constantin Costa-Gavras, conseguiu uma indicação simultânea para os Oscar de melhor filme estrangeiro e melhor filme. Ou quando a atriz Sophia Loren ganhou o disputadíssimo Oscar de melhor atriz, por seu memorável trabalho no filme Duas Mulheres.

Em 1999, fatos como esses estão acontecendo simultaneamente. A Vida É Bela, do cineasta italiano Roberto Benigni, conseguiu sete indicações, incluindo a categoria de melhor filme, o principal prêmio da noite. O próprio Benigni é considerado favorito para prêmios de primeira linha, tais como o de melhor ator e melhor roteiro original. Sua recente vitória como melhor ator do ano na escolha do Actors Guild of America igualmente é impressionante. Central do Brasil, de Walter Salles, também conseguiu um grande feito: obter duas indicações, a do prêmio de melhor filme estrangeiro e o de melhor atriz, para Fernanda Montenegro.

A Vida É Bela e Central do Brasil
seguem dividindo as preferências para melhor filme estrangeiro. A disputa entre eles pode ser desequilibrada em favor do brasileiro por dois fatores: o fato de a maioria dos membros da Academia não assistirem a todos os candidatos, deixando, por conseqüência, de votar nessa categoria; e a possibilidade de A Vida É Bela ganhar o prêmio de melhor filme, deixando caminho aberto para Central do Brasil. A pergunta que não quer calar é: será que os filmes estrangeiros melhoraram tanto ou os filmes americanos é que caíram como os meteoros, tão em moda em Hollywood?

Fernanda Montenegro e Walter Salles passaram a quinta e a sexta-feira dando entrevistas para a imprensa brasileira e internacional. Também estiveram na Columbia-Tri Star gravando o making of de Central do Brasil para o DVD (digital vídeo disco) que será lançado no mundo inteiro, com o filme e seus bastidores.


* Com comentários de Marco Antonio Campos, presidente do Clube de Cinema de Porto Alegre.



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