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Miramax e Dreamworks fizeram a lição de casa
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Pela repartição do Oscar
pode-se ver que a Miramax, de Shakespeare
Apaixonado e de A Vida
É Bela, trabalhou bem no lobby pré-votação final, o mesmo valendo
para a DreamWorks de Steven Spielberg, com O
Resgate do Soldado Ryan, que ficou com cinco Oscar, entre eles
o de melhor diretor. Spielberg ainda conquistou um outro prêmio, meio
na surdina, já que foi o produtor executivo do documentário de longa-metragem
Last Days, mais uma abordagem do holocausto judeu.
As tramóias de bastidores envolvendo suborno não são muito agradáveis
e não rendem personagens míticos. São fuxicos sombrios que interessam
somente aos financistas das produtoras, que verão como aumentam e diminuem
as rendas dos filmes dependendo do número de Oscar que seus produtos ganham.
Quanto aos filmes estrangeiros, um prêmio criado em 1948 para agradar
aos quintais de Hollywood, a categoria era pouco difundida e mesmo a primeira
participação do Brasil nessa classificação, com O Pagador de Promessas,
em 1962, sempre foi algo meio obscuro. Ninguém ficava sabendo muito bem
quais os filmes que concorriam e como eles eram selecionados.
A entrada de O Quatrilho e O Que É isso, Companheiro?, em
anos anteriores, e Central do Brasil,
de Walter Salles, este ano, lançou alguma luz sobre o processo que, nos
anos 90, foi esmiuçado em todos os itens de seu regulamento. Algo certamente
mais aborrecido do que as piadas de que ninguém ria que Whoopi Goldberg
se esforçava em encenar para manter o posto de mestre-de-cerimônias no
próximo ano.
E Fernanda Montenegro, sempre tão digna e talentosa? Foi uma pena ter
ficado sem levar o seu Oscar. A Dora de Fernanda está entre os grandes
personagens femininos da cinematografia brasileira e, certamente, baixada
a poeira, outros papéis dignos do talento da senhora Montenegro deverão
surgir em seu caminho. Afinal, para quem tem em sua carreira filmes como
A Falecida, Tudo Bem e Eles Não Usam Black-Tie, Central do Brasil
é apenas mais um elo em uma corrente de personagens que levam o rosto
e a força de uma atriz que se diz de teatro, mas que, mesmo sem o Oscar,
colocou a sua marca no cinema brasileiro contemporâneo.
(Tuio Becker/Zero Hora/Agência RBS)
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