Busca

Pressione "Enter"

Cobertura completa Sites de cinema Grupos de discussão Colunistas Os melhores filmes Notas dos filmes Todos os filmes Roteiro de cinema O que está passando no Brasil


PÂNICO 2

RAPIDINHO

Não é um filme de terror tradicional. Não se leva muito a sério, brinca com os clichês do gênero, usa metalinguagem em algumas piadas, consegue alguns (poucos) sustos. Se você viu o primeiro "Pânico" e ainda lembra bem do enredo, vai entender essa continuação bem melhor. Eu fiquei perdido entre um monte de personagens que deveriam significar alguma coisa, mas nada significavam. Toda seqüência que se preze tem que se sustentar sozinha, ou vira pastiche de um pastel de vento.

"Pânico 2", apesar de ser bem filmado, não consegue ser suficientemente engraçado, nem suficientemente assustador. É um filme para adolescentes em férias, ou para quem quer dar férias de duas horas para o cérebro, o que não deixa de ser interessante (às vezes, filmes ruins mandam nosso cérebro para atividades bem menos agradáveis).

AGORA COM MAIS CALMA

O início é animador. Num cinema lotado, em que acontece a estéia de "A punhalada", todos os espectadores ganharam máscaras semelhantes à usada pelo assassino do filme. Protegido pelo anonimato, um assassino de verdade mata um casal de espectadores, apunhalando-os com crueldade. Mas a animação termina por aí. Segue-se a reapresentação dos personagens do "Pânico" original: a heroína sobrevivente (a insossa Neve Campbell), seus amigos sobreviventes, uma repórter-escritora sem escrúpulos, um sujeito careta de bigodinho ridículo. Provavelmente esqueci alguém, mas isso não importa. Ah, esqueci o novo namorado da heroína (o anterior, ficamos sabendo depois, era um psicopata), que parece meio abobado (ficamos sabendo depois que é meio abobado mesmo). Enfim, um conjunto de jovens americanos idiotas prestes a dar seu sangue para delícia da platéia.

As mortes vão acontecendo sem muita emoção. Há uma cena, contudo, que é bastante engenhosa: depois de um acidente, duas garotas ficam presas no banco de trás do carro. Para sair, precisam pular para o banco da frente e sair pela janela, passando por cima (ou sentando no colo, como quiserem) do terrível assassino mascarado, que dirigia e agora está desacordado. É um dos poucos momentos de tensão, nesse filme que anuncia demais o que vai acontecer e, quando acontece, não sustenta a expectativa. Wes Craven já fez bem melhor que isso, com muito menos dinheiro e muito mais criatividade, como no clássico "Quadrilha de sádicos". Aliás, Craven deveria evitar as seqüências, porque "Quadrilha de sádicos 2" também é terrivelmente ruim.

"Pânico 2", em certo momento, insinua que pode entrar numa discussão mais séria sobre o papel do cinema como gerador de violência, mas a insinuação vira fumaça depois de duas linhas de diálogo. De modo que só resta esperar mais mortes, mais sangue, mais punhaladas e a revelação da identidade do assassino, que é igualmente sem graça. A grosso modo, nem poderíamos classificar esse filme como de "terror". É um açougue bastante movimentado, em que ficamos esperando, entediados, a retaliação do gado, que será depois inspecionado pela vigilância sanitária e consumido com segurança pelas famílias de bem. Assustador? Não. Assustador foi o primeiro "Hellraiser", em que os personagens eram de verdade e, quando sua carne rasgava, sofriam e gritavam como seres humanos, e não como bois no matadouro.


Pânico 2 (EUA, 1998). De Wes Craven.


Dê sua opinião ou cale-se para sempre

Carlos Gerbase é jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para o ZAZ (A gente ainda nem começou e "Fausto") e atualmente prepara o seu terceiro longa-metragem para cinema, chamado "Tolerância".

Índice de colunas.

Copyright© 1998 ZAZ. Todos os direitos reservados. All rights reserved.