Segunda-feira, 3 de setembro de 2001
O Planet Hemp pode até não conquistar o Grammy Latino de melhor grupo de rap/hip-hop, mas a indicação ao prêmio mais expressivo da música latina e hispânica comprova que controvérsia rende fama. A "esquadrilha da fumaça'' continua sendo proibida de fazer shows em diversas cidades do Brasil, mas acaba de ser atestada pelos "especialistas'' como um dos principais representantes do hip-hop brasileiro.
"Foi classe A (saber sobre a indicação ao Grammy), mas não é nada que vai mudar a vida da banda'', disse o vocalista Marcelo D2 em entrevista.
"Você tá no mercado e é legal que as coisas estejam dando certo. Nunca pensamos em ser indicados para prêmio algum.''
O Planet Hemp foi indicado pelo álbum A Invasão Sagaz do Homem Fumaça, lançado em 2000 e no qual a banda abusa da mistura de samba e hip-hop. "O disco foi bem produzido, teve um cuidado especial e por isso acho que foi indicado ao Grammy Latino'', comentou D2.
Controvérsia
D2 tem consciência de que o Planet Hemp "vai carregar para sempre o carma'' de ser uma banda acusada de incitar o uso de drogas como a maconha e, com isso, enfrentar problemas judiciais quando sai em turnê pelo país.
A banda foi proibida recentemente de tocar em Londrina, no Paraná, e, no Rio de Janeiro, o juiz da primeira Vara da Infância e Adolescência, Siro Darlan, tentou impedir a entrada de menores a um festival de música que aconteceu em 22 de julho no Sambódromo -- do qual também fizeram parte grupos como Surto e Tianastácia.
Depois de muita confusão e dos portões da Apoteose derrubados, os menores acabaram participando do evento.
"Isso é um saco, mas sempre vai acontecer. A gente é e quer ser uma banda de esquerda, contestadora - isso faz parte'', disse D2.
Quanto à polêmica da maconha, D2 acredita que "aqui a coisa só vai ser legalizada se os Estados Unidos legalizarem. A gente é muito Terceiro Mundo, muito colonizado.''
Registro ao vivo
A indicação para o Grammy Latino saiu no mesmo dia em que a banda lançava o álbum MTV Ao Vivo Planet Hemp, com a formação original - baixo, bateria e guitarra, sem a presença de DJs. O disco traz os principais hits do grupo, como Legalize Já e Queimando Tudo.
"Esse disco fechou um ciclo de 10 anos de história. Poder voltar a tocar como no começo da carreira depois de tanto tempo é muito maneiro'', comentou D2.
Junto com o álbum o Planet Hemp também lançou um DVD, o primeiro registro de uma apresentação da banda ao vivo. "É uma maneira de mostrar para as pessoas que a gente não faz apologia a nada, a gente só não é hipócrita... Os nossos shows são energéticos e um DVD deixa a gente para a história''.
Incidentes à parte, o Planet Hemp continua firme em turnê pelo Brasil e pretende manter o atual "line-up'' - D2, BNegão (vocal), Rafael (guitarra), Formigão (baixo) e Pedrinho (bateria) -- para um próximo disco.
"A gente já tem três músicas prontas, mas cair na estrada é a melhor coisa. A gente odeia ensaiar e aí estando em turnê a gente toca para caramba, compõe e o novo disco pode sair daí'', afirmou D2.
"Sempre que a gente vai para o estúdio a coisa vira bagunça, neguinho começa a fazer jam e a coisa não rola. Além disso é um saco ter que tocar a mesma música 200 vezes.''
Reuters
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