Segunda-feira, 10 de setembro de 2001
O compositor e violinista mineiro Marcus Viana foi indicado ao prêmio de melhor álbum instrumental pop no Grammy Latino, que acontece na próxima terça-feira em Los Angeles, com um disco inspirado na natureza feito sem qualquer pretensão comercial.
Ele espera que essa indicação lhe traga a fama correspondente à grandiosidade de suas obras, que incorporam, além de música instrumental sobre diferentes temas, trilhas sonoras para novelas e uma banda de rock progressivo.
"Fiquei muito surpreso, principalmente porque fui indicado por uma obra não-competitiva'', disse Viana em entrevista recente.
"Para mim, a indicação é uma vitória. Já ganhei'', afirmou ele, que foi autor de trilhas de novelas como Pantanal, da rede Manchete, e Terra Nostra, da rede Globo.
Música de cura e esoterismo - O disco Terra, indicado ao Grammy Latino, é parte de uma série de álbuns sobre os elementos da natureza intitulada Música das Esferas. Os outros são: Acqua e Canções do Éden.
"Terra muda a freqüência vibratória de um ambiente. Esse disco está sendo adotado por vários especialistas como música de cura, e é muito usado no meio holístico para meditação.''
Para conseguir esse efeito, o violinista usou uma flauta indiana -- feita sob encomenda na Índia --, violoncello e cítara. "Mas não é um disco de exibicionismo técnico, em que eu não mostro toda a minha habilidade como músico. É um trabalho em que eu gravo o ato da criação'', disse Viana.
"Vou para um sítio, um lugar distante, e espero até que a minha freqüência mude. Aí eu ligo o teclado e gravo aquilo que sair. É, na verdade, uma improvisação''.
Viana, que tem dois filhos - João Pedro, de 6 anos, e Olivia, de 10 -, lançou anteriormente uma outra série instrumental, para crianças, chamada Nave dos Sonhos, com músicas de Natal e canções de ninar.
Rock progressivo ecológico - Além desse trabalho, o violinista é conhecido em circuitos alternativos de outros países por sua banda de rock progressivo, a Sagrado Coração da Terra, cujas letras falam sobretudo de ecologia e preservação na natureza.
O Sagrado já tem 21 anos de estrada e álbuns vendidos no Japão, Holanda e França, países onde tem acordo com distribuidores independentes.
No Brasil, Viana conta que os cariocas prestigiam o trabalho do grupo, criado em 1979 e que une rock progressivo com ritmos tribais e música erudita.
O álbum mais recente da banda é o Sacred Heart of Earth, lançado neste ano.
Fama de bastidor - Embora o Sagrado tenha fãs fiéis no Rio e no exterior, Viana ainda é para os brasileiros um artista de bastidor, sem muita projeção entre o grande público.
"Tenho obras demais e as pessoas não fazem ligação com o meu nome'', disse o violinista, que pretende lançar um DVD com os seus principais trabalhos.
Segundo uma contagem feita pelo próprio músico, que reúne todas as suas obras em seu próprio selo, o Sonhos e Sons, Viana já vendeu um total de 250 mil exemplares dos cerca de seus 30 títulos pessoais desde 1984, a maioria discos do Sagrado.
"Isso mostra que o (artista) independente também pode sobreviver. Precisa de um esforço danado, mas a gente também vende'', disse Viana, que detesta autopromoção e "odeia'' ter que ir a programas de televisão para lançar as trilhas das novelas - sua atual composição é para O Clone, da rede Globo.
Ele aposta no Grammy Latino para deixar seu "casulo'', conseguir um distribuidor para os discos do Sagrado nos Estados Unidos e se lançar a um público mais amplo. "Acho que agora a gente se abre para o mundo'', disse Viana.
Reuters
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