Aos 64 anos de idade e um dos precursores do frisson musical latino no mundo, Julio Iglesias é a grande figura do Grammy Latino 2001. Anualmente, a academia escolhe uma Personalidade do Ano - e Julio é a de 2001. Ano passado, foi o produtor Emilio Estefan, também um grande promotor da música latina, principalmente nos EUA.

O cantor talvez nunca tivesse se transformado em Julio Iglesias caso não tivesse sofrido um acidente de automóvel na juventude, o que o deixou parcialmente paralizado e sem andar por dois anos. Queria ser jogador de futebol - e talvez pertencer ao corpo diplomático espanhol. Ah! Julio nasceu em Madrid, filho de um médico.

Apesar da modéstia na entrevista ao Terra, logo abaixo, Julio recentemente se auto-proclamou o melhor cantor do mundo, o melhor de sua geração e o melhor em língua espanhola. "Não sou um gênio. Apenas tenho talento e aproveitei as chances que tive", explicou. O cantor, que prepara-se para lançar novo álbum em breve, chegou até a brincar dizendo que a música para ele é um vício e que se não está no palco, está fazendo filhos, em uma declaração típica e sedutoramente latina.

Confira entrevista:

Como se sentiu ao ser escolhido Personalidade do Ano de 2001 pelo Grammy Latino?

A verdade é que não mereço. É que tenho muitas conexões, sou amigo do presidente. Me disse "te dou esse ano", mas é pura manobra. Não é por votação popular, é por votação do presidente (risos). Não tem muito mérito.

Você se considera o "maior embaixador da cultura e música latina em todo o mundo", como disse o diretor da academia, Michael Greene?

Não, sou um cônsul, um embaixador. Não tenho essa categoria. Existem muitas pessoas que já fizeram muito pela cultura latina. Eu sou um de milhares.

Independente de sua contribuição para o mundo artístico, você tem um grande impacto na vida de muitas pessoas por meio de seus esforços humanitários. Por que você sente a necessidade de ajudar os menos afortunados?

É um pouco como agradecer a tudo que a vida me deu. A única maneira é sendo generoso com as pessoas. O assunto que mais me emociona sãos as crianças recém nascidas, algo que clama por uma maior concientização. Me dá muita pena ver tantas crianças que não tenham uma educação, uma ajuda médica que salve suas vidas em determinado momento crítico. Isso é algo que sempre esteve em minha cabeça e em meu coração.

Você queria ser um grande jogador de futebol. Se não tivesse se acidentado (n.e.: quase morreu em um acidente automobilístico que o deixou parcialmente paralizado e sem andar por quase dois anos), talvez nunca tivesse se transformado em um cantor. O que sentiu quando lhe disseram que não poderia jogar mais futebol?

É um daqueles momentos únicos em que você pensa "Por que?". Primeiro senti uma raiva de mim mesmo, raiva com a vida e aos poucos se arrepende do que pensou inicialmente e busca condições de melhorar. Essa circunstância foi tão forte em minha vida que me acabou servindo para abrir um outro caminho sem suspeitas que foi a música.

Que canção representa o que foi Julio Iglesias e qual representa o que é Julio Iglesias hoje?

O que fui Me Olvidé de Vivir. O que sou Un Canto a La Vida.

Qual é o segredo para um artista se manter geração após geração?

Primeiro a coerência consigo próprio e em segundo tentar todos os dias ser um pouco melhor.

O que mais significativo aprendeu com a vida?

Aprendi a ser mais generoso, a não se culpar, a misturar melhor as cores, a não julgar e acreditar que se é inocente antes do veredito de culpado.

Como administrar sua vida pessoal e se dedicar com tanta paixão a sua carreira?

Tenho uma família que entende o que eu faço e que eu entendo. E mantenho uma vida que considero ser consistente.

Sylvia Franco/Terra Espanha