São Paulo - A vaidade é uma das características que sempre marcaram a personalidade de Wanderley Luxemburgo, mas, desde que assumiu o cargo de técnico da seleção brasileira, a preocupação com a imagem aumentou ainda mais. Pessoas ligadas ao treinador e alguns dirigentes da CBF admitem que essa obsessão pelo marketing pessoal pode estar prejudicando seu trabalho.
No dia do jogo entre Brasil e Chile, por exemplo, há 10 dias, em Santiago, Luxemburgo passou a tarde no saguão do hotel em que a delegação estava hospedada. Uma equipe de televisão do Japão pediu ao treinador uma entrevista sobre sua carreira. Em vez de concedê-la no hall do hotel, onde havia muitas pessoas, ele convidou os japoneses para ir até seu quarto para responder às perguntas. Luxemburgo jamais tomaria esse tipo de atitude se o repórter fosse um brasileiro. Sua grande preocupação era divulgar a imagem no Japão, onde o futebol está crescendo e o mercado pode se abrir para ele no futuro.
O técnico brasileiro preocupa-se demais com as notícias publicadas sobre seu trabalho. Em ocasiões de jogos da seleção, em que jornalistas se concentram numa mesma cidade para fazer a cobertura, o treinador não tira o olho da Internet. Quer ler tudo o que sai a seu respeito. Quando lê algo que não gosta, corre atrás do jornalista que escreveu a matéria para reclamar.
A preocupação de Luxemburgo com o marketing pessoal ficou evidente nas últimas entrevistas. Decidiu mudar o discurso simples que sempre fez para um aparentemente mais culto. Começou a usar frases de famosos filósofos ou poetas. Justamente por tentar mostrar uma cultura que não tem, às vezes, acaba ‘escorregando’, como na ocasião em que utilizou um dizer do "francês" Goethe, que nunca deixou de ser alemão.