Spa - O atual bicampeão mundial de Fórmula 1, Mika Hakkinen, da McLaren, deu mais um importante passo rumo ao tricampeonato, neste domingo no circuito de Spa-Francochamps, ao vencer espetacularmente o GP da Bélgica. Sua ultrapassagem sobre Michael Schumacher, da Ferrari, a três voltas da bandeirada, foi histórica.
“Dei risada quando vi que tinha deixado Michael para trás, mas acho que ele não gostou”, afirmou Hakkinen. O alemão terminou em segundo, enquanto seu irmão, Ralf, da Williams, em terceiro.
A prova, a 13ª da temporada, foi uma das melhores do ano, como em geral ocorre na pista mais espetacular do calendário da Fórmula 1. Schumacher contava com a chuva para vencer a corrida. No início da disputa, havia água ainda na pista, o que acabou por igualar o desempenho da McLaren com o da Ferrari.
“Não quero falar em título, mas sinto-me cada vez mais confortável nessa luta”, falou Hakkinen. Agora, sua vantagem sobre Schumacher no Mundial passou de 2 para 6 pontos, 74 a 68, restando apenas quatro etapas para o encerramento do campeonato. A próxima será na casa da Ferrari, no dia 10, em Monza, na Itália.
Como Hakkinen abriu uma diferença de 13 pontos para o companheiro de equipe, David Coulthard, apenas quarto na Bélgica, é bem possível que a McLaren concentre todas as suas atenções novamente no seu principal piloto, tornando o desafio de ser campeão de Schumacher ainda mais difícil.
“Essa foi daquelas corridas em que você sente enorme prazer em participar”, disse o finlandês. “À medida que o asfalto ia secando eu me tornava mais e mais veloz”. Com pista seca, sexta-feira e sábado, a McLaren arrasou a Ferrari. O GP da Bélgica começou com o Safety Car em razão da chuva, mas já na sexta volta Schumacher parou para substituir os pneus para piso seco, enquanto Hakkinen o fez na passagem seguinte. Na 13ª volta, o líder do Mundial quase colocou tudo a perder ao errar na curva Stavelot.
“As zebras aqui em Spa tornam-se muito escorregadias com a água”, disse. “Ao colocar a roda traseira esquerda sobre a zebra da Stavelot, a traseira do meu carro balançou e perdi o seu controle”. Ele voltou à prova na segunda colocação, atrás de Schumacher.
Na 40ª volta, a quatro do final, Hakkinen levaria outro susto. Na tentativa de assumir o primeiro lugar, colocou sua McLaren por dentro, na freada do fim da reta Kemmel, depois da famosa curva Eau Rouge. “Achei num primeiro instante que havia tocado na traseira da Ferrari de Schumacher e danificado meu aerofólio dianteiro”, comentou. O alemão fechou-lhe a porta. Houve quem questionasse a legalidade da manobra.
“Até eu ver a fita da corrida não quero acusá-lo”, afirmou Hakkinen. Na hora, porém, gesticulou reprovando a fechada de Schumacher, em plena reta.
Na passagem seguinte aconteceu o lance mais espetacular do GP da Bélgica e uma das maiores provas da coragem de Hakkinen. Enquanto Schumacher ultrapassava Ricardo Zonta, da BAR, retardatário, pela esquerda, no fim da reta, o finlandês aproveitou para deixar os dois para trás usando uma estreita faixa de asfalto do lado direito de ambos.
A manobra ocorreu dentro do estreito limite entre consagrar Hakkinen e a enorme possibilidade de uma tragédia, caso as rodas da McLaren do finlandês tocassem nas da BAR de Zonta. Elas estiveram a milímetros de se encostar. Apenas três voltas mais tarde Hakkinen recebia a bandeirada como legítimo vencedor da corrida.
Ralf Schumacher, da Williams, correu bem e chegou em terceiro, ao passo que David Coulthard errou ao permanecer uma volta a mais que Hakkinen na pista, antes de colocar pneus para pista seca. Resultado: acabou em quarto. O cada vez melhor Jenson Button, também da Williams, foi quinto, e Heinz-Harald Frentzen, da Jordan, o sexto.
Rubens Barrichello, da Ferrari, perdeu muito tempo durante as primeiras 20 voltas da competição, ficando atrás de Jacques Villeneuve, da BAR. Ele era apenas o sétimo. A Ferrari mudou sua estratégia, chamando-o para o box na 20ª volta, um pouco antes do planejado. Impôs, então, um ritmo infernal e pouco antes da segunda parada estabeleceu, na 30ª passagem, a melhor volta da corrida, com 1min53s803. Sua aventura acabou na entrada dos boxes, com o carro sem gasolina, na 33ª volta. “Poderia ter terminado em quarto ou quinto”, afirmou.
Pedro Paulo Diniz, da Sauber, arriscou bastante ao decidir largar com pneus para pista seca, quando havia ainda muita água no asfalto. Deu certo porque em quatro voltas já dava para competir com esses pneus. “Pena ter danificado meu aerofólio dianteiro no tráfego, de qualquer forma acho que fiz uma boa corrida”. Ele acabou em 11º. Ricardo Zonta classificou-se na 12ª colocação.