Spa-Francorchamps - Muita coisa precisa mudar na Ferrari de Michael Schumacher e Rubens Barrichello para que eles possam enfrentar domingo a McLaren de Mika Hakkinen e David Coulthard.
Nada saiu conforme o planejado pela equipe italiana no treinamento de hoje no circuito de Spa-Francorchamps, onde está sendo disputado o GP da Bélgica de Fórmula 1, a 13ª etapa da temporada. A Ferrari está muito mais próxima de uma grave crise do que deixar Spa com um grande resultado. Sábado, acontece a sessão que definirá o grid da prova.
Apesar de ser apenas um treino livre, Schumacher e Rubinho compreenderam logo, nesta sexta, que a não ser por um quase milagre, será difícil vencer a McLaren no traçado belga domingo, nas 44 voltas da corrida.
O piloto alemão, apesar de ser o mais veloz na saída da desafiante curva Eau Rouge, 295,8 km/h, sua velocidade no final da reta Kemmel, posicionada na sequência da Eau Rouge, foi a pior do dia, 312,7 km/h, mais baixa até que a dos carros da equipe Minardi.
"Havia alguma coisa errada, até amanhã (sábado) tem de ser reparado", disse Rubinho. O mais provável, segundo ele, é que eles estivessem com relação de marchas equivocada. "Quando engatava a sétima marcha os giros do motor deixavam de crescer." Como para os mecânicos substituírem toda a transmissão demoraria muito tempo, a saída foi tentar acertar o chassi para o traçado de 6.968 metros, mesmo sabendo que suas velocidades máximas seriam reduzidas.
Enquanto Coulthard e Hakkinen estabeleceram, com facilidade, os dois primeiros tempos, 1min53s398 para o escocês e 1min53s919 o finlandês, Schumacher não passou de 1min54s226, ou 828 milésimos mais lento, diferença enorme para os padrões de competição da Fórmula 1.
Rubinho foi ainda pior, ao ficar em nono no treino, mesmo tendo usado um jogo de pneus novos. "Nada do que testamos em Mugello e imaginamos que daria certo aqui acabou dando resultado", disse. "A altura do assoalho e os aerofólios especialmente desenvolvidos não funcionaram como pensávamos."
A pouca aderência do asfalto de Spa, se comparado com o de Mugello, agravado pelo estado da pista, bastante suja, contribuíram para o fraco rendimento da Ferrari, segundo seus pilotos.
A facilidade de Coulthard e Hakkinen foi tamanha que eles completaram, neste sábado, apenas 14 e 17 voltas, somadas as duas sessões de treinos, diante de 21 do alemão e 26 de Rubinho.
A expressão de reprovação de Schumacher ao resultado do treinamento era evidente. Em geral, por estar no seu circuito favorito, Schumacher é sempre bastante expansivo na Bélgica.
"Na primeira e na última seção nosso carro não é ruim, mas na intermediária há muito o que fazer para torná-lo mais veloz", explicou o alemão.
Depois da prova de Spa a Fórmula 1 irá para a Itália, em Monza, templo onde os italianos reverenciam a imagem da Ferrari. A imprensa da terra de Enzo Anselmo Ferrari, que já pressiona a direção da equipe, pedindo explicações sobre como foi possível perder uma vantagem de 22 pontos em apenas quatro corridas, irá exigir mudanças grandes na organização.
Basta que domingo Schumacher e Rubinho percam feio para Hakkinen e Coulthard, como hoje, pondo ainda mais em xeque a conquista que um título perseguido há 21 anos, para uma nova crise estabelecer-se na Ferrari. Algumas cabeças deverão rolar.
Hakkinen lidera a classificação do Mundial de Pilotos com 64 pontos diante de 62 de Schumacher, enquanto a McLaren tem 112 pontos entre os construtores e a Ferrari 111.