Teresópolis - Enfraquecido por causa dos problemas extra-campo, Wanderley Luxemburgo preferiu não repreender o atacante Romário, que, na sexta-feira, atacou o treinador. Ao contrário de outras oportunidades, em que não aceitava o questionamento de sua autoridade, o técnico da seleção ignorou as declarações do jogador do Vasco, que, em referência a Luxemburgo, disse que "o que é ruim se destrói sozinho".
Cauteloso, Romário evitou entrar em polêmica, mas reafirmou que gostaria de ter ido à Olimpíada. Apesar de ter evitado novos ataques a Luxemburgo, o jogador também não recuou. Questionado sobre as afirmações agressivas ao técnico, Romário respondeu de forma seca: "Não vou ser repetitivo."
"Ontem, ele deu outras declarações e a nossa relação vai ser profissional", afirmou Luxemburgo, que garantiu que não terá nenhuma conversa em separado com o atacante porque "não há necessidade”.
Romário também apelou para o discurso do profissionalismo para explicar como vai tratar o treinador. "Sempre foi assim e, agora, não vai ser diferente", disse.
Luxemburgo chegou a ficar impaciente com as perguntas sobre o atacante, que para ele, é um jogador como os outros. "O assunto Romário acabou, ou melhor, nunca existiu", encerrou.
Ao comentar a sua volta à seleção, o atacante do Vasco reafirmou que ficou insatisfeito por não ter sido convocado para a seleção olímpica. "É claro que não foi da forma que eu queria, mas voltar a seleção é sempre bom", observou.
Luxemburgo, mais uma vez, garantiu não ter vetado a participação de Romário na seleção olímpica, mas sim, de todos os jogadores acima de 23 anos. "Respeito a posição dele, mas não é só o Romário que ficou fora", finalizou.
Embora os dois lados evitassem o confronto, o clima era de uma polidez fria. Ao comentar o relacionamento, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, repetiu a informação de que é preciso "profissionalismo". O dirigente chegou a questionar a veracidade das declarações do atacante na sexta-feira. "Nem sei se é verdade."
O técnico da seleção fez elogios a Romário e admitiu que ele foi convocado como salvador da pátria. "É um jogador que faz a diferença na frente", comentou. Segundo Luxemburgo, o jogador já deveria ter atuado contra o Peru e o Paraguai. Sem modéstia, o atacante assumiu a responsabilidade por uma boa atuação da seleção. "Sempre fui chamado em situações como essa, tomara que eu marque muitos gols", disse.
Nesta segunda-feira, Romário não participou dos treinos por causa de dores nas costas, que já o tinham retirado do jogo do Vasco contra a Portuguesa. "Melhorei, não estou 100%, mas devo treinar amanhã", afirmou o atacante, que foi submetido a tratamento médico e de hidroterapia. O médico da seleção, José Luís Runco, confirmou as afirmações do atacante, que, segundo ele, "melhorou bastante".