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Para palestinos, política importa mais que medalha
Quinta-Feira, 31 Agosto de 2000, 16h41

Gaza, Território Palestino - A nadadora Samar Nassar disse ter chorado de alegria quando soube que iria carregar a bandeira palestina na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Sydney. “Nunca acreditei que iria representar meu país num campeonato internacional ou ir às Olimpíadas. O sonho virou realidade'', disse ela por telefone, da Jordânia, onde mora.

A nadadora dos 100 metros peito, de 22 anos, e o atleta Rami Theeb são os dois palestinos que representarão seu povo nos Jogos que começam no dia 15 de setembro na Austrália. Para os palestinos, o prestigiado evento é mais do que uma chance de ganhar medalhas. É uma oportunidade de marcar pontos politicamente, levando as cores de sua bandeira preta, verde, branca e vermelha a um fórum internacional.

Depois de anos de negociações de paz com Israel, o presidente palestino Yasser Arafat planeja declarar um Estado independente por volta de 13 de setembro, e tenta angariar apoios. Em Sydney, a bandeira palestina será hasteada entre as dos 199 países soberanos que pertencem ao movimento olímpico.

Nassar e Theeb, o último competindo na marcha de 20 quilômetros, serão a segunda equipe palestina a participar das Olimpíadas desde 1994, quando os palestinos adquiriram o controle de partes da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. Os palestinos consideram sua participação um símbolo de sua emergente condição de nação. Mohammad al-Bakri, membro do Comitê Olímpico Palestino em Gaza, disse que seria “politicamente significante''. ``É uma oportunidade para por o nome da Palestina no mapa do esporte internacional, assim como no mapa político'', disse.

Theeb e Nassar serão os primeiros a erguer a bandeira numa reunião internacional, se o Estado for declarado em setembro. Ambos têm histórias semelhantes à de muitos palestinos. Theeb é um refugiado cuja família foi forçada a ir para o Egito durante a guerra de 1948, que levou à criação de Israel. Ele treinou por seis meses, intensivamente, na Alemanha, e ficou em quarto em sua modalidade nos Jogos Pan-Árabes em 1999.

Quando Nassar nasceu, em Belém, na Cisjordânia, seu pai, um físico, levou a família para a Jordânia. Nassar é formada em biologia molecular e trabalha com seu pai num laboratório em Amã, onde ela treina. Segundo Bakri, eles vão a Sydney mais para alcançar um ''desempenho honroso'' do que propriamente para ganhar medalhas. ''Temos uma infra-estrutura esportiva que precisará de esforços gigantescos para se reabilitar'', disse ele.

Majed Abu Mraheel, um corredor de Gaza, representou os palestinos na Olimpíada de 1996. “Apesar das pobres instalações ele não foi o último a cruzar a linha de chegada'', disse Bakri. Israel e a Organização para a Libertação da Palestina assinaram um acordo de paz na capital norueguesa Oslo, em setembro de 1993, que dá aos palestinos o controle sobre a maior parte da Faixa de Gaza e regiões da Cisjordânia.

Reuters


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