Rio - Apesar de confiar na habilidade dos jogadores de frente, o técnico Wanderley Luxemburgo tem as laterais como alternativa para superar uma provável retranca da Bolívia. Assim, ele pretende evitar que se repita o que aconteceu no jogo com o Uruguai, quando, embora contasse com três atacantes, a equipe brasileira ficou presa à marcação adversária. Nas duas laterais, há novos titulares, Cafu e Júnior, que já trabalharam com o treinador no Palmeiras.
"A Bolívia deve ficar atrás e as laterais são uma opção para fugir da marcação", explicou Luxemburgo. A expectativa do treinador de enfrentar um time na defensiva tem duas razões: os adversários têm medo de se arriscar contra o Brasil fora de casa e as informações que o treinador está recebendo da equipe boliviana. "Eles estão enfrentado alguns problemas, como a quase saída do técnico."
Sob a direção de treinadores anteriores, a seleção utilizava com mais freqüência os lados do campo, enquanto com Luxemburgo os volantes são mais acionados. Isto foi uma opção do técnico para contornar a forte marcação que estavam sofrendo os laterais. Um indício de que houve uma mudança na estratégia é o fato de Roberto Carlos, considerado um bom defensor pelo treinador, não ter sido convocado mesmo quando ficou comprovado que não tinha recebido o segundo cartão amarelo.
Novo titular na esquerda, Júnior recebeu orientação para atuar de forma ofensiva, como jogava no Palmeiras. "Ele me pediu para jogar da mesma forma de quando trabalhávamos juntos" comentou Júnior.
O jogador vai receber o auxílio de Rivaldo, mais recuado para executar as jogadas de linha de fundo pela esquerda. "Precisamos conversar para acertar o posicionamento." Na direita, Cafu contará com Vampeta para realizar as tabelas, em uma tentativa de acabar com o isolamento do lateral.
De volta à seleção, com a braçadeira de capitão, Cafu concorda que é preciso esperar o fim da semana para aumentar o entrosamento, mas acredita que isto não vai prejudicar o time brasileiro. "Houve modificações em todos os jogos, agora, não será diferente", afirmou.
Ao contrário de Cafu, Júnior terá, pela primeira vez, a oportunidade de começar jogando como titular na seleção, depois de vários pedidos da torcida. "Vim batalhando por uma chance e, agora, espero aproveitá-la", afirmou ele, que recebeu elogios de Romário, a estrela da seleção. Para o atacante, Roberto Carlos não faz falta por causa da qualidade de Júnior e Athirson.
Para aprimorar os cruzamentos, Luxemburgo realizou um treinamento específico de cerca de meia hora na segunda-feira. Na jogada praticada, atacantes e jogadores de meio-de-campo tocavam a bola na linha de fundo e os laterais devolviam na área para a conclusão. Por orientação do treinador, Cafu, Júnior e Athirson não podiam dar mais de dois toques na bola. A intenção é pegar a defesa da Bolívia desarmada, enquanto os atacantes penetram em velocidade.