Ashmore - Um grupo de estudantes brasileiros que mora em Brisbane está organizando um protesto contra o técnico Wanderley Luxemburgo pela não inclusão de Romário e Rivaldo na lista dos convocados para a Olimpíada. Eles vão levar faixas aos primeiros jogos do Brasil na competição, cobrando do treinador uma resposta ao que consideram um grave erro na formação do time olímpico. "Não há justificativa para Romário ter sido barrado", assegurou Rodrigo Lassala, de 25 anos, um paulistano do bairro da Moema, há 15 meses vivendo na Austrália.
Lassala tem o apoio de seu amigo Gustavo Arisa, de 24 anos, para realizar a manifestação. Eles já compraram pano e tinta e vão confeccionar as faixas para levá-las ao The Gabba, local das partidas do time na primeira fase do torneio. Arisa questiona o fato de Luxemburgo ter preterido Rivaldo e mais outros atletas com idade acima de 23 anos. "Foi um erro grave; isso pode custar muito caro ao Brasil." Danilo de Toledo, de 21 anos, é outro que não admite a ausência de Romário nos Jogos e vai juntar-se ao ato a fim de mostrar sua indignação pela opção do treinador.
Parte da restrita ala feminina dos brasileiros na capital do Estado de Queensland promete apoio aos protestos. "Romário é unanimidade, não aceitamos que fique fora", disse Cylaine Ferro, de 21 anos. Ela também está encarregada de pintar algumas faixas e faz questão de manter-se bem informada sobre as últimas denúncias que associam Luxemburgo à falsificação de documentos.
Apesar da contrariedade, todos garantem que vão torcer pela conquista da medalha de ouro e já compraram ingressos e camisetas para os jogos da seleção. "Nada contra os garotos, a questão é com o Luxemburgo", explicou Lassala.
Cerca de 45 adolescentes do Brasil estudam inglês em Brisbane, uma cidade em que o custo de vida é alto e as despesas com aluguel de apartamento e alimentação dificultam a pretensão de alguns pais em investir na formação dos jovens. Esse grupo praticamente se divide entre os que vêm de São Paulo e do Rio Grande do Norte. Os primeiros são mais afeitos a reuniões informais, festinhas, baladas e, em sua maioria, à prática do surfe nos arredores de Gold Coast.
Os de Natal, em geral, isolam-se para aprender o inglês mais rapidamente. O convívio com brasileiros, na verdade, é o grande obstáculo dos estudantes do País que se lançam à aventura de atravessar o mundo para adquirir mais conhecimento. Com isso, muitos só conversam em português em casa, na rua e até nas salas de aula - vários deles estudam na mesma turma. Os irmãos Daniel Vince, de 19 anos, e Renato Vince, de 21 anos, contam que o Russo Institute of Technology, o curso mais procurado por estrangeiros, estabelece um critério rigoroso para manter o aluno em atividade: obriga o mínimo de 80% de freqüência.
Alguns preferem buscar retorno em trabalhos informais para reduzir a remessa mensal de dólares que vem do Brasil. O estudante Rodrigo Ferreira, de 25 anos, dedica três horas por dia à limpeza de escritórios no centro da cidade. Com o que recebe, paga a sua parte no aluguel de um lindo apartamento à beira do Rio Brisbane - outros três brasileiros ocupam o local. Ferreira, um torcedor apaixonado do Corinthians, fala o inglês com fluência, algo raro entre os estudantes brasileiros em Brisbane.
O Estado de S.Paulo