Porto Alegre - Se alguém tinha resquício de dúvida acerca dos problemas de adaptação dos argentinos do Grêmio, o bom senso manda reconsiderar o quanto antes. Nesse instante, o centroavante Gabriel Amato está voando rumo a Sevilha.
Nos próximos três anos, defenderá o Real Bétis, da Espanha.
A venda foi anunciada após o frustrante empate em 2 a 2 contra a Ponte Preta, sábado. Os espanhóis pagarão US$ 3,7 milhões (R$ 6,7 milhões) – bem perto dos US$ 4 milhões gastos pelo Grêmio em janeiro pelo sonho de contratar um matador. Se antes o time tinha sérios problemas ofensivos e estava à procura de um camisa 9, agora a contratação virou emergência. Reinaldo, ex-Flamengo, é o mais cotado.
Mesmo que tenha subido de produção com a chegada de Celso Roth, o argentino ainda estava longe de dar a resposta esperada. O inusitado é que Amato implorou para ir jogar em um clube no qual irá ganhar um salário menor e na segunda divisão, ainda por cima. O ex-clube do brasileiro Denílson foi rebaixado na temporada passada. Mas a vontade de esquecer a passagem pelo Grêmio foi tal que, mesmo assim, Amato forçou a sua saída. Por ironia, vai embora quando começava a engrenar no time.
"O lado econômico é pior, mas para a minha família é melhor. E não há nada mais importante do que isso. Quero que meus filhos cresçam em Sevilha, uma cidade maravilhosa. E lá os hábitos estão bem próximos dos meus costumes", explicou Amato, que marcou um gol no empate contra a Ponte e, outra vez, foi destaque do time, como já ocorrera em São Paulo.
Se Amato faz parte do passado, a busca de um novo centroavante é presente. Depois do jogo, as especulações sobre a vinda do ex-colorado Christian ganharam ares de verdade absoluta. O jogador viria por empréstimo de um ano, por R$ 9,1 milhões, pois o Grêmio não tem como bancar o passe de R$ 27 milhões.
O fato de o centroavante estar em Porto Alegre para o nascimento do primeiro filho e de confirmar uma conversa de seu pai com o diretor executivo Dênis Abrahão colocaram combustível na boataria. Até Ronaldinho estaria, indiretamente, envolvido no negócio. O craque nem voltaria depois da Olimpíada. Iria da Austrália direto para o Barcelona. Christian viria como forma de amenizar a saída de Ronaldinho, cuja venda salvaria o Grêmio de não lucrar com seu maior patrimônio ao final do contrato, em razão da Lei Pelé.
Os dirigentes negam tudo com tal veemência que, se o negócio acontecer, terá sido a maior tentativa de despiste da história do futebol gaúcho. O vice de futebol Antônio Vicente Martins chegou a aceitar o desafio do repórter Leonardo Meneghetti, da Rádio Bandeirantes, de empenhar a palavra no ar, através de uma aposta.
"Vale aposta em dinheiro que ele não vem", concordou Martins. "É absurdo. Não adianta fazer um investimento desses sem ter condições de honrá-lo. Ouvi até dizer que trazer o Christian seria um lance eleitoral. E seria mesmo: mas eu jamais faria um negócio desses para os outros pagarem. Recebi o Grêmio assim, mas não vou entregá-lo como recebi – desabafou o presidente José Alberto Guerreiro, irritado com as especulações.