Paris - Quarenta e quatro anos antes de Sydney, os Jogos Olímpicos chegaram à longínqüa Melbourne, que os recebeu de 22 de novembro a 8 de dezembro de 1956.
Esta será a segunda vez que os Jogos Olímpicos serão realizados no "fim do mundo", depois de Melbourne, também na Austrália, ter sido até agora o único lugar do Hemisfério Sul a sediar o evento.
As complicações na preparação dos atletas durante a longa viagem, assim como o custo elevado do transporte das equipes, limitou a participação em Melbourne a 3.184 esportistas de 67 países, menos que em Helsinque (1952) e Londres (1948), e até que em Berlim (1936).
Quando o COI concedeu os Jogos a Melbourne, ignorava que uma lei proibia a importação, inclusive provisória, de cavalos, o que levou as provas eqüestres a serem disputadas em Estocolmo de 10 a 17 de junho.
O contexto político (guerra israelense-árabe consecutiva à nacionalização do Canal de Suez pelo Egito, a entrada do exército soviético na Hungria) provocou, por outro lado, o boicote de seis países (Egito, Iraque, Líbano, Holanda, Espanha e Suíça), além da China, que protestava contra a participação de Taiwan.
Neste ambiente, o namoro em Melbourne entre o norte-americano Harold Connoly, vencedor do lançamento de martelo, e a checa Olga Fikotova, vencedora do arremesso de disco, que acabariam se casando quatro meses mais tarde em Praga, teve uma repercussão considerável.
Foi uma Olimpíada de pura emoção, com a semifinal do pólo aquático, disputada entre soviéticos e húngaros, terminando numa autêntica batalha.
Os donos da casa aproveitaram a ocasião para se firmar como uma grande potência esportiva, obtendo 35 medalhas, atrás apenas de URSS e Estados Unidos, que totalizaram respectivamente 98 e 74.
As competições terminaram numa apoteose. Os atletas romperam o protocolo para se misturar fraternalmente na cerimônia de fechamento e os espectadores romperam as barreiras de segurança para cumprimentar de perto os heróis dos primeiros Jogos australianos, que encheram de orgulho todo o país.
France Presse