Sydney - Apesar da decisão favorável, garantindo a presença de Gustavo Kuerten, o Guga, na Olimpíada, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, criticou o tenista e todo o seu staff. "Faltou espírito olímpico", acusou o dirigente.
Ao concordar com as exigências de Guga e de seu patrocinador, a Diadora, o COB jogou para o atleta toda a responsabilidade do desfecho do caso. A Olympikus abriu mão da presença de sua logomarca na camiseta e nas meias do tenista, mas manteve a exigência de utilização do uniforme oficial da delegação numa eventual cerimônia de premiação. A solução evitou que o Comitê dividisse com o catarinense o papel de vilão na história.
Desgastado pela crise e suas repercussões dentro da delegação brasileira, no momento em que os principais dirigentes do Comitê Olímpico Internacional estão decidindo o futuro da entidade, Nuzman não fez nenhum esforço para esconder sua contrariedade ao episódio. Nas entrelinhas, ele cobrou de Kuerten uma atitude que evitasse a crise dos últimos dias.
"Temos 204 atletas em Sydney e se fossemos nos preocupar com os problemas de cada um seria o caos", afirmou o dirigente, cercado pelos principais assessores. "Aqui não há pára-quedistas, todos temos vivência no esporte e honramos os compromissos que assumimos", completou. Ainda segundo Nuzman, o esporte brasileiro vive um momento em que busca se firmar como exemplo de transparência e ética.
O dirigente esperava de Guga uma posição pessoal clara e firme. Em nenhum momento, até esta quinta-feira, o tenista tinha ido a público explicar sua posição no caso. "Todo porta-voz tem um determinado limite", cobrou Nuzman. "A partir daí, o atleta tem de falar."
Casos como o de Michael Jordan, na Olimpíada de Barcelona/92, foram lembrados. Principal astro da Nike, Jordan disputou os Jogos pelo Dream Team vestindo uniforme da Reebok, à época patrocinadora oficial do comitê olímpico americano. Em Atlanta/96, Fernando Meligeni, então patrocinado pela Puma, usou a camisa da concorrente Fila.
Agência Estado