São Paulo - O desafio dos 204 atletas (110 homens e 94 mulheres) do Brasil que estão na Austrália para os Jogos Olímpicos de Sydney é provar que uma das preparações que mais recursos financeiros teve nos últimos tempos, a estratégia de fixar índices rigorosos para a escolha dos integrantes da delegação nacional, ter a melhor aclimatação e a melhor Vila Olímpica da história, pode transformar-se em medalhas. O desafio é superar ou igualar o recorde de 15 (três de ouro, três de prata e nove de bronze) obtidas em Atlanta/96, quando o Brasil levou 225 atletas (159 homens e 66 mulheres).
A uma semana da abertura oficial dos Jogos, no Estádio Olímpico, sexta-feira, às 4h (de Brasília) - o futebol começa dia 13 - o assunto medalhas ganha força. O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Nuzman, disse que ainda vai fazer suas próprias contas, cujo resultado, naturalmente, não será revelado pelo dirigente. "Não será possível que em cada Olimpíada ou Pan-Americano o Brasil siga pensando em recordes", afirma. "Igualar as 15 medalhas é um grande desafio."
Em crescimento Mas Nuzman fala que um "grande resultado geral", mesmo que não signifique ganhar 15 medalhas, seria muito importante para o esporte brasileiro. Na sua avaliação, no entanto, independentemente de resultados, o esporte nacional tem um crescimento que hoje é irreversível.
O grande resultado geral a que se refere o presidente do COB pode estar relacionado ao número de medalhas de ouro, que foram três em Atlanta, conquistadas pelos iatistas Robert Scheidt, na classe Laser, Torben Grael e Marcelo Ferreira, na Star, e Sandra e Jaqueline, no vôlei de praia.
Sete de ouro Desta vez, o Brasil poderá, teoricamente, quebrar esse recorde de Atlanta. O País tem a chance de ganhar sete de ouro, considerando aqueles esportes ou atletas que têm resultados significativos, como títulos e marcas mundiais expressivos e posição confortável no ranking. Além dos iatistas Robert Scheidt, Torben Grael e Marcelo Ferreira, que têm todas as possibilidades de repetir duas medalhas de ouro, a dupla do vôlei de praia feminino, agora com Adriana Behar e Shelda, atuais tricampeãs mundiais, também pode levar o esporte ao lugar mais alto do pódio.
A lista pode ser completada pelo vôlei de praia masculino, com as duplas Emanuel e Loyola, campeã mundial, e Zé Marco e Ricardo, vice-campeã.
Individualmente, estão entre as estrelas com chance de ouro, o tenista Gustavo Kuerten e o cavaleiro Rodrigo Pessoa, que lidera o ranking mundial e vai montar o cavalo "Baloubet du Rouet", considerado o melhor do circuito internacional na atualidade. A Seleção masculina de futebol não pode ficar fora dessa lista.
Mas o Brasil também pode supreender com as zebras. Esportes como o vôlei masculino, vôlei feminino, basquete feminino, saltos por equipe no hipismo, natação e atletismo não podem ser descartados quando o assunto é chance de medalhas. Assim como o judô, embora com um time renovado, é um esporte que tem tradição no quadro olímpico brasileiro de medalhas.
Na avaliação do meio-leve Henrique Guimarães, medalha de bronze em Atlanta, ele mesmo com chances de repetir um bom resultado, o judô ainda pode surpreender com Tiago Camilo, leve, campeão mundial júnior, e ainda com o ligeiro Denílson Lourenço, o médio Carlos Honorato e o pesado Daniel Hernandez. Entre as mulheres, as melhores chances estão com a meio-pesado Ednanci Silva, a pesado Priscila Marques e a meio-médio Vânia Ishii.
Jornal da Tarde