Sydney - A natação brasileira vive um dilema: não pode esperar demais dos Jogos de Sydney para não correr o risco de uma decepção, e não pode jogar a toalha antes senão volta para casa de mãos abanando.
Na terça-feira australiana, madrugada de segunda para terça-feira no Brasil, o time desembarcou em Sydney, vindo de Canberra, onde cumpriu a fase de preparação e já foi para a piscina do Complexo Aquático.
``Agora é só polimento, o que dava para ser feito já foi, não dá para mudar mais nada.'', diz Reinaldo Dias, um dos técnicos da equipe do Brasil.
Reinaldo foi pessimista ao analisar com a Reuters as chances do Brasil em Sydney. ``Se conseguirmos uma medalha estarei satisfeito.'', disse.
Com outros veículos da mídia brasileira, Reinaldo previu chances de medalha em pelo menos três provas: o revezamento 4x100m e as provas individuais de 100m e 50m nado livre.
A diferença de opinião entre as duas declarações pode ser atribuída ao susto que o técnico brasileiro levou ao levar o seu time para treinar pela primeira vez no novo complexo olímpico de Sydney, uma instalação simplesmente espetacular.
O local onde serão disputadas as provas de natação dos Jogos Olímpicos ativou o complexo de inferioridade da natação brasileiro.
``Falta um programa de desenvolvimento, treinamento e pesquisa científica. A Austrália investiu mais de 13 anos de trabalho para ter uma das equipes mais forte do mundo nesta Olimpíada. Nós treinamos no Instituto Australiano de Esportes. Vimos os que os caras fazem, como eles preparam os seus atletas. É de cair o queixo. Enquanto não tivermos a mesma coisa no Brasil, vamos ficando para trás'', disse ele.
Apesar do discurso pessimista do treinador, os nadadores brasileiros se mostravam contentes e animados após o primeiro treino no complexo onde irão competir. Na maioria das conversas com os jornalistas, o assunto é sempre ligado às chances do revezamento 4x100m, prova em que o Brasil foi quarto lugar nos Jogos de Atlanta e pretende ser terceiro em Sydney.
A contusão de Fernando Scherer, o Xuxa, no tornozelo, apesar de ainda incomodar o nadador já não preocupa nem o seu próprio técnico.
``O Fernando é o típico nadador que tem mais coração do que corpo. Qualquer outro atleta com o mesmo problema que ele estaria fora da Olimpíada. No seu caso, porém, acho que a contusão não vai afetar em nada o desempenho durante a prova'', falou o norte-americano Michael Lohberg.