Sydney - O brasileiro Gustavo Kuerten, o Guga, voltou a defender nesta quinta-feira a mudança do sistema de disputa do torneio de tênis dos Jogos Olímpicos. Para o brasileiro, que participa de sua primeira Olimpíada, os 64 tenistas inscritos deveriam ter a garantia de que disputarão mais de uma partida, ao contrário do que acontece atualmente. O ideal, na opinião de Guga, seria uma disputa por equipes, sem jogos eliminatórios nas primeiras rodadas.
Ele não defende essa tese por acaso. Desde que se passou a qualificar os tenistas de acordo com o ranking mundial, o torneio olímpico cresceu em nível técnico, mas obriga as principais estrelas do esporte a abandonar o circuito por algumas preciosas semanas. Isso significa abrir mão de prêmios em dinheiro (já ganhou US$ 1,81 milhão na temporada), da exposição dos patrocinadores pessoais e de pontos no ranking mundial.
É esse o recado que Guga está passando ao Comitê Olímpico Internacional e à Federação Internacional de Tênis para que os principais jogadores do mundo mantenham o interesse por medalhas. "O cara tem de abrir mão de um mês do calendário, por isso acho que quem disputa a Olimpíada deveria ter garantia de que não vai ser eliminado no primeiro jogo", disse.
Guga está em Sydney desde domingo. Se for desclassificado em simples e em duplas na primeira rodada, terá jogado fora no mínimo 16 dias de seu calendário e voltará para casa com seu prestígio arranhado.
"O espírito da Olimpíada é mais para Copa Davis do que para os torneios da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais), por isso acho que o regulamento seria mais interessante se mudasse para uma competição por equipes", defende.
A quatro dias da abertura do tornio de tênis, a estratégia de jogar sobre os adversários o favoritismo está sendo utilizada pelos principais candidatos à medalha de ouro em Sydney.
Quem já está na cidade treina sob sol forte, mas com o cuidado de não cantar vitória antecipadamente. Na opinião de Guga, o principal candidato ao ouro é o russo Marat Safin, campeão do US Open e tenista em ascensão no cenário mundial. "O jogo dele vem crescendo bastante", disse o brasileiro.
Outros favoritos, para ele, são o britânico Tim Henman e o australiano Patrick Rafter. Para Henman, que treinou na quadra central nesta quinta-feira, logo depois de Guga, o brasileiro é um dos favoritos, ao lado de Safin e dos australianos Mark Philippoussis e Patrick Rafter e do sueco Magnus Norman. Questionado especificamente sobre Guga, Henman foi só elogios. "Ele está num momento muito bom, seu jogo vem melhorando em quadras rápidas e o saque é um dos pontos fortes".
Mesmo os australianos evitam falar diretamente em medalhas. Para Mark Woodforde, campeão de duplas em Atlanta/96 ao lado de Todd Woodbridge, jogar em casa será um fator decisivo, mas ele desconversa ao falar em favoritismo. "Que forma fantástica de encerrar a carreira: com uma Olimpíada na Austrália", disse. Woodforde, de 35 anos, confirmou que abandonará as quadras ainda este ano.
O torneio olímpico de tênis conta pontos para a Corrida dos Campeões da ATP, que conta só resultados deste ano, mas não vale para a Lista de Entrada, o ranking de 52 semanas.