Sydney - A seleção brasileira feminina de vôlei estréia na Olimpíada de Sydney com um treino e um palco de luxo. A equipe, atual medalha de bronze, enfrenta a equipe de Quênia, sem nenhuma tradição no esporte, a partir das 22h30(horário de Brasília), nesta sexta-feira, no Entertainment Centre, no complexo de Porto Darling. O adversário é considerado o ideal para o início de uma competição, em que a tensão e o nervosismo são constantes.
"Vamos ter tranqüilidade na estréia e isso é importante para a quebra do gelo", admite o técnico Bernardinho. "Ocorreu o mesmo em Atlanta, em 1996, quando enfrentamos o Peru na primeira partida. Não jogamos bem, mas vencemos por 3 a 0." Bernardinho só não gosta do fato de ter dois adversários considerados fracos na seqüência, já que o time enfrentará a Austrália na segunda rodada. Ele preferia pegar uma equipe mais forte para a seleção entrar logo no ritmo da competição. Além de Quênia e Austrália, o grupo do Brasil tem ainda China, Croácia e Estados Unidos. Cuba e Rússia, campeã e vice-campeã do Grand Prix, estão na outra chave, junto com Coréia do Sul, Itália, Alemanha e Peru.
De todos os participantes, o treinador brasileiro acredita que o único time que pode sair frustrado da Olimpíada se não conquistar a medalha de ouro é a seleção de Cuba. "É a equipe mais forte do mundo", diz Bernardinho, referindo-se à seleção bicampeã olímpica e bicampeã mundial. "Para enfrentá-la, teremos de usar a mesma receita do Pan-Americano de Winnipeg, quando jogamos com irreverência e conseguimos a vitória."
Bernardinho tem duas dúvidas para a estréia - uma técnica e outra médica. As titulares definidas são Fofão, Virna, Janina e Érika. Nas outras duas vagas, a disputa está entre a velocidade de Leila e a força física de Elisângela na ponta e entre Walewska, que está com dores nas costas, e Karin, no meio-de-rede.
A estréia contra um adversário fraco não será bom apenas para a seleção brasileira como um todo, mas também num aspecto particular: Virna está retornando ao time depois de mais de um mês afastada das quadras por causa de uma inflamação num osso do pé direito. "Estou muito bem fisicamente porque fiquei sem treinar com bola, mas malhei como nunca", lembra a atacante, principal destaque ofensivo do grupo. "Mas me falta um pouco de ritmo e sempre é bom começar contra um time não muito forte."
O objetivo de Virna é ganhar ritmo nos dois primeiros jogos para estar em melhor forma contra a China, o adversário mais difícil da primeira fase. "Quero ver se dou uma turbinada no meu jogo no início para poder ajudar mais a equipe nas etapas decisivas", diz a atacante do Flamengo, de 29 anos, que pensa em disputar mais uma olimpíada. "Tenho motivação para continuar jogando em clubes e na seleção", prossegue. "A decisão de parar será uma coisa natural, mas não tão cedo."