Sydney - No lugar dos maiôs cada vez menores, os principais nadadores em Sydney estarão cobertos dos pés à cabeça, por trajes sem a menor sensualidade. Nada a ver com moda, mas sim com tecnologia e velocidade.
Os nadadores dizem que os novos trajes melhoram suas performances. Os fãs afirmam que os atletas ficam parecidos com focas.
O debate sobre a legalidade dos trajes que cobrem o corpo inteiro dos nadadores foi resolvido no começo do ano, quando a Federação Internacional de Natação (Fina) aprovou seu uso. Mas ainda há discussões sobre a aceitação moral das roupas.
A australiana Suasan O'Neill recusou-se a usar o novo traje em suas tentativas de quebrar o recorde de Mary T Meagher's nos 200 metros borboleta .
O'Neill alegou que poderia sofrer acusações de que a roupa fez a diferença. Agora, nas Olimpíadas, ela ainda está indecisa se usará o novo modelo de maiô, mesmo tendo conseguido quebrar o recorde durante as provas classificatórias na Austrália.
O veterano técnico de natação australiano, Forbes Carlisle, fez campanha pela proibição do uso do traje. Ele alegava que seria injusto usá-lo, porque países menores não teriam acesso à nova roupa.
Também há dúvida sobre se realmente os trajes ajudam a aumentar a velocidade dos nadadores. Os fabricantes garantem que eles diminuem a resistência na água e podem melhorar os tempos em mais de três por cento, mas nem todos estão convencidos disso.
Ian Thorpe, a sensação adolescente da Austrália, dono de três recordes mundiais, definitivamente usará o traje. Mas o russo Alexander Popov, vencedor da medalha de ouro nos 50 e nos 100 metros livres nas Olimpíadas de 1992 e 1996, disse que não usará o novo tipo de roupa.
Ele tentará se tornar o primeiro nadador a vencer a mesma prova três vezes. "Tenho minha própria pele", disse Popov. "Estarei grudado nela."
O norte-americano Tom Dolan, recordista mundial dos 400 metros medley, dismistificou o traje. "A verdade é que se você está indo rápido, você irá rápido mesmo se estiver vestindo um saco de batatas", disse.
"Acho que é psicológico. Se você não estiver vestindo e alguém atrás de você estiver, você se pergunta 'será que faz diferença?', disse Stephen Parry, nadador britânico do estilo borboleta. "Mas acho que a maioria da equipe britânica usará, e eu também."
A técnica francesa Marg Begotti também acredita que os trajes fazem parte do jogo psicológico. "Prefiro que os nadadores não usem. A diferença de tempos não é significante com ou sem eles."