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Natação é a primeira esperança de medalha
Sexta-feira, 15 Setembro de 2000, 02h39

São Paulo - O Brasil tem hoje sua primeira chance real de medalha na Olimpíada. O revezamento 4 x 100 m livre, grande aposta da natação brasileira em um ano em que Gustavo Borges e Fernando Scherer não estão conseguindo bons resultados, terá as eliminatórias a partir das 20h e a final, a partir das 5h da manhã de amanhã.

Contrariando o discurso exageradamente otimista do presidente da CBDA, Coaracy Nunes - o cartola chegou a dizer que o Brasil tem sete chances de medalha em Sydney - o coordenador da equipe olímpica brasileira Ricardo de Moura pede para que os brasileiros coloquem os pés no chão. "Não seria um mau resultado o Brasil não ficar no pódium. Um resultado decepcionante seria não participar das finais. Pelo clima criado e as expectativas geradas, todos querem a medalha.O problema é que os adversários também", diz Ricardo.

O coordenador criticou a expectativa criada por público e imprensa sobre o desempenho dos atletas brasileiros em Sydney. "O grande problema que vejo no esporte brasileiro é a Olimpíada virtual. Ou seja, já se ganha a medalha antes de se competir. As expectativas devem ser comedidas, lógicas. Esta é a Olimpíada mais difícil de todos os tempos. Tenho certeza de que todos irão fazer o máximo. Só não posso saber se o máximo será suficiente para chegar à medalha", diz.

O grande favorito para a prova é o time norte-americano, que vai contar com Gary Hall Jr. e Anthony Ervin, dois dos três únicos nadadores do mundo que baixaram dos 48s nos 100 m em 2000 - o outro foi o russo Alexander Popov. Em toda a história das Olimpíadas, eles nunca perderam uma prova do revezamento 4 x 100 m livre. A Austrália terá Michael Klim e Ian Thorpe, a Rússia tem Popov e a Holanda, Pieter Vanden Hoogenband, campeão europeu que bateu Popov no ano passado. "É difícil um prognóstico antecipado. Periga os Estados Unidos perderem o 4 x100 livre, mesmo tendo melhorado significativamente na prova de 100 m nado livre", diz Ricardo de Moura.

Estratégia aprovada - Gustavo, assim como os técnicos, insistem que o Brasil tem chance de obter uma medalha de bronze. Por isso, acha a estratégia definida pelos técnicos da equipe brasileira acertada. Pela manhã, nas eliminatórias, o Brasil terá Xuxa, Carlos, Edvaldo e Gustavo, fechando - tem experiência para controlar o tempo que o time vai precisar para estar entre os oito finalistas. Na final, Xuxa abre e Gustavo cai na piscina em segundo, exatamente para nadar contra Popov e Pieter, na mesma posição dos rivais, com Carlos e Edvaldo fechando, na seqüência.

O revezamento está ganhando atenção especial dos técnicos brasileiros e dos dirigentes da CBDA. Para alguns, é considerada a única chance de o Brasil sair das piscinas de Sydney carregando alguma medalha no peito. Nos últimos dias, a equipe brasileira esteve envolvida em uma polêmica sobre a formação ideal para enfrentar os adversários e tentou esconder de russos, norte-americanos e australianos qual será a ordem de entrada dos nadadores. Técnicos brasileiros passaram os últimos dias tentando descobrir a ordem dos rivais.

Calendário de provas - Na programação da natação, os brasileiros voltam a entrar na água com chances de medalhas na terça-feira, com Rogério Romero e Leonardo Costa nos 200 m costa. Quinta-feira é a vez de Gustavo Borges e Fernando Scherer nadarem os 100 m livre. Sábado é a final dos 50 m, com alguma chance para Xuxa. Segundo o ranking da Federação Internacional de Natação deste ano, os brasileiros não estão bem colocados. A melhor posição é o quinto lugar do revezamento, seguido por um sétimo lugar de Rogério Romero nos 200 costa.

"O ranking, muitas vezes não reflete a situação que vai ocorrer na Olimpíada mas, sem dúvida, é um referencial", diz Ricardo Moura, lembrando que os brasileiros não precisaram fazer índice durante a temporada, enquanto norte-americanos e australianos passaram por seletivas muito fortes.

"Vamos ser práticos: é impossível descartar a importância dos resultados obtidos pelos atletas até agora. Mas, ao mesmo tempo em que esses tempos evidenciam a tendência da Olimpíada, não asseguram medalhas", diz, buscando na história algum otimismo para a participação brasileira. "Muitos atletas foram aos Jogos Olímpicos mal classificados e venceram. Os tempos válidos para a inscrição aos Jogos Olímpicos são aqueles realizados nos últimos doze meses do dia de inscrição, que foi 25 de agosto. Amigo, é a frase bíblica:

"Muitos serão os chamados, poucos os escolhidos." A escolha dos Deuses do Olimpo é uma incógnita.

Jornal da Tarde

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