Sydney - O diretor de Marketing da Olympikus, Gumercindo Moraes Neto, disse que a Olimpíada de Sydney deve marcar um momento de transformação na maneira que as empresas e as entidades vão tratar a questão do patrocínio. "Seguramente depois desses Jogos deverá haver um momento de reflexão sobre os novos rumos dessa relação", diz o executivo da fornecedora de material esportivo do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
Para Moraes Neto, o impasse na participação do tenista Gustavo Kuerten na Olimpíada por causa do conflito entre seus patrocínios pessoais e os do COB é apenas um dos sintomas dessa fase de transformação. "Não foi somente o Brasil que enfrentou problemas desse tipo para os Jogos de Sydney", afirma. "O comitê espanhol e o australiano também passaram por dificuldades semelhantes, e não devemos esquecer episódios como o de Michael Jordan na Olimpíada", ressalta o executivo, lembrando de quando o jogador de basquete usou uma bandeira dos Estados Unidos para cobrir o símbolo da Reebok, patrocinadora do Comitê norte-americano, concorrente da Nike, em Barcelona/92.
Moraes Neto afirma ainda não ter uma solução para resolver o conflito entre os patrocínios pessoais dos atletas e das entidades esportivas. "Ainda não surgiu, em nenhum país, proposta que possa servir de referência mas, assim que ela aparecer deverá ser adotada por todo mundo", garante ele. "Acredito que talvez exista a necessidade de uma organização regulamentadora, com poder de disciplinar o cumprimento dos contratos."
Segundo o diretor de marketing, caso não se busque uma fórmula de conciliar interesses, as organizações esportivas poderão ter problemas para obter apoio financeiro no futuro. Ele explica que isso acontece porque as empresas sempre tendem a recuar em casos de investimentos onde exista risco de não se obter o retorno planejado.