Sydney - A solução improvisada de colocar soldados e voluntários para substituir os motoristas no transporte olímpico revelou-se melhor do que a encomenda. A oferta de ônibus aumentou, os atrasos terminaram e o percurso passou a ser feito sem problemas. Cerca de 600 voluntários se apresentaram para substituir 100 motoristas que se demitiram por causa das condições de trabalho. No total, são cinco mil condutores trabalhando nesta Olimpíada. Com maior número de motoristas, que conhecem melhor o Parque Olímpico, o transporte enfim começou a funcionar.
Até agora, atletas, dirigentes e jornalistas vinham sofrendo com o desconhecimento dos motoristas trazidos de várias regiões do país. Além de desconhecerem o trânsito local, os motoristas se perdiam com freqüência dentro do Parque Olímpico por não conhecerem suas dependências e nem suas normas. Várias viagens entre e o aeroporto e as instalações do parque, por exemplo, levaram até uma hora a mais do que os 45 minutos habituais.
Eles não sabiam, por exemplo, que a Vila Olímpica (residência dos atletas) tem uma entrada mista e outra exclusiva para os seus moradores. Muitas vezes, transportavam jornalistas para o lado errado e tinham de refazer o percurso. Também ignoravam que não é permitido levar jornalistas no ônibus dos atletas e vice-versa. Em várias ocasiões, o bus media (ônibus da imprensa) parou para apanhar atletas no meio do caminho.
Além desses problemas, os condutores contratados reclamavam das condições de trabalho. Com o pequeno número de ônibus e a necessidade do transporte funcionar 24 horas, eles eram obrigados a fazer uma jornada de até 16 horas por dia. Também sofriam com as instalações, abrigos providenciados pelo comitê, muito longe e desconfortáveis.
A desorganização era tanta que os motoristas chegaram a ficar quatro horas esperando pelo seu próprio ônibus. O mau humor dos motoristas levou muitos deles a reagir às reclamações e discutir com os passageiros. Depois de algumas ameaças de paralisação, o comitê organizador resolveu oferecer um pequeno reajuste, mas muitos trabalhadores não aceitaram. Na sexta-feira, 100 deles resolveram se demitir.