Rio - O governo do Uruguai protestou nesta sexta-feira contra a delegação olímpica
Argentina que utilizou o célebre tango "La Cumparsita", de autor uruguaio,
ao participar do desfile inaugural das Olimpíadas de Sydney, na Australia.
´´Não é a primeira vez que isso acontece. Já ocorreu na Expo Sevilha, sendo
advertida, na ocasião, a delegação argentina´´, disse o vice-ministro de
Educação e Cultura do Uruguai, José Cardozo.
"La Cumparsita" foi escrita pelo uruguaio Gerardo Mattos Rodríguez em 1917,
quando tinha 17 anos. Em 1942, o mítico cantor de tangos Carlos Gardel
começou a cantar com letra de Enrique Maroni e Pascual Contursi. Mattos
Rodríguez protestou contra Gardel por não pedir autorização para introduzir
a letra. Por outro lado, Mattos já havia escrito outra letra para o tango,
que se tornou famoso em Paris nas mãos do maestro Francisco Canaro.
Cardozo acrescentou que ainda não há uma posição oficial do governo uruguaio
sobre o assunto, mas que estão sendo analisadas as medidas a serem tomadas.
Ele lembrou que o Uruguai aprovou por lei que "La Cumparsita" é um hino
popular e cultural do país, e que havia sido divulgado durante a exposição
de Sevilha, realizada em 1992, para celebrar os 500 anos da chegada dos
espanhóis à América.
A discussão entre argentinos e uruguaios sobre a que país pertence o tango é
tão antiga quanto a da nacionalidade de Gardel. Os uruguaios informam que o
cantor nasceu em Tacuarembó, no norte do país, baseando-se em uma certidão
de nascimento, mas os argentinos assinalam seu nascimento em Toulouse, na
França, argumentando que Gardel disse que era uruguaio para evitar o serviço
militar obrigatório na Argentina. O cantor adotou nacionalidade argentina já
adulto e se tornou famoso em Buenos Aires.