Sydney - A equipe brasileira de CCE, Concurso Completo de Equitação, cumpriu a promessa de mostrar ao mundo que não existe ``nenhum Mike Tyson'' na competição olímpica.
Os quatro brasileiros chutaram a porta do cenário internacional depois de uma atuação irrepreensível, onde eles chamaram a atenção de outros competidores e da mídia especializada pela coragem de seus cavalos, maturidade dos cavaleiros no percurso e pela comemoração a cada salto bem sucedido.
``O Vicente ia para a galera cada vez que pulava um obstáculo'', contou Serguei Foffanof, o Guga, depois da passagem de Vicente Araujo, o primeiro dos quatro a zerar, não cometer nenhuma falta. ``O público aplaudia e eu ficava mais confiante.''
``Passei a agradecer comemorando. Gostei da brincadeira. Quero repetir'', disse Vicente, lembrando ter cumprido uma promessa pessoal. ``Falei que ia zerar e zerei. Agora vou zerar no salto'', afirmou.
Três dos quatro brasileiros completaram o percurso do Cross-Country, prova com 13 minutos de galope intenso, obstáculos fixos e armadilhas campestres, sem faltas. O resultado no Cross levou a equipe brasileira ao sétimo lugar na classificação geral da prova dos três dias.
Uma boa atuação na competição de saltos, a última da prova dos três dias, que acontece terça, pode deixar o Brasil entre os cinco melhores do mundo. Se acontecer um desastre para os adversários até a medalha de bronze está na alça de mira da equipe de garotos incríveis e seus cavalos voadores.
Quem duvida da qualidade da atuação dos brasileiros no cross só precisa notar que equipes como França, Bélgica, Estados Unidos, Itália e Espanha, mesmo com toda a tradição no esporte não conseguiram que todos os seus conjuntos completassem a prova. ``E pode escrever ai que na próxima a gente vem para o ouro. Eu assino embaixo'', disse Guto Faria, o último dos brasileiros a saltar.
Foffanof foi o primeiro cavaleiro do dia a entrar na pista de cross do Horsley Park. Pagou caro o noviciado. Seu cavalo refugou duas vezes nos obstáculos de água.
``Na primeira água eu montei mal. Vim meio mole. A égua refugou e depois perdeu a confiança na segunda água. Ela refugou, levantou a cabeça bem na minha cara. Fiquei uns 30 segundos sem saber onde eu estava, tontinho, tontinho. O fiscal veio falar comigo e eu respondia em português para ele achar que eu estava bem, senão ele podia me tirar da prova'', disse ele.
``Depois que o Guga refugou, todo viu como era perigoso a água. Ele sofreu mas ajudou o Brasil e todos os outros competidores a passar pelos obstáculos mais difíceis. Ele foi a cobaia. O azar de um é a sorte da equipe, por isso estamos aqui'', falou Guga.
Além de ter três cavaleiros com a pista limpa no cross a melhor notícia que o hipismo do Brasil recebeu na segunda foi o fato dos quatro cavalos estarem bem.
Depois do que os animais mostraram nos obstáculos mais difíceis do cross-country é lícito esperar uma atuação ainda mais eloqüente na prova final de saltos.