São Paulo - A vontade de vencer era tanta que a primeira reação de Tiago depois da final da categoria até 73 quilos foi de raiva. Segundo familiares que mantiveram contato telefônico com o judoca minutos depois da luta, Camilo mostrou-se decepcionado.
"Mas bastaram alguns minutos para que ele caísse na real e percebesse o grande feito que havia realizado", afirmou o pai do medalhista, Luis Francisco Camilo. "O problema é que ele queria mesmo trazer o ouro."
A conquista da primeira medalha de prata brasileira nos Jogos Olímpicos de Sydney começou há exatamente 13 anos, quando Camilo, na época com 5 anos, iniciou sua carreira de judoca. Agora, aos 18, ele deve mobilizar o município de Bastos (a 560 quilômetros da Capital e com 20 mil habitantes), onde reside desde a infância (ele nasceu em Tupã), quando retornar ao Brasil. "Ele merece um desfile em carro de bombeiro", afirmou o pai, dono de um cartório. "A cidade inteira ficou acordada para ver a luta."
O fato de pertencer a uma família de classe média não livrou Tiago dos tradicionais problemas relativos à falta de estrutura e apoio. Segundo o pai, 1999 foi o ano mais complicado. Com muitas viagens agendadas e sem patrocínio, a única alternativa foi vender o carro da família, um Golf. "Foi o tradicional ‘paitrocínio’ mesmo", afirmou "seu Chico". Mas o irmão Júnior explicou a forma adotada para retribuir o investimento familiar. "Pagamos meu pai com emoção."