Sydney - Por alguns instantes, a medalha de prata conquistada por Tiago Camilo foi rejeitada pelo próprio atleta. Tiago revertera resultados desfavoráveis nas lutas anteriores e acreditava estar com o ouro praticamente nas mãos. Quem também acreditava no ouro era o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, que deixou rapidamente o ginásio.
A estratégia do judoca brasileiro era atacar o italiano Giuseppe Maddaloni no minuto final da luta, aproveitando seu bom preparo físico. "Na hora fiquei chateado, queria o ouro", explicou.
"Depois, chorei e vi que foi uma façanha ganhar uma medalha aos 18 anos". Após a premiação, Tiago passou uma hora numa sala tentando colher material (urina) para o exame antidoping.
Antes de ir embora, falou com os pais em Tupã e ficou sabendo que uma grande festa está marcada para quando voltar ao Brasil, terça-feira.
A inexperiência diante de um adversário acostumado aos confrontos internacionais prejudicou Tiago. "Se eu conseguisse encaixar um ippon, o cara iria voar, mas passei reto", contou. A família e os amigos, no entanto, nem se importaram com esse detalhe. "Minha mãe falou que sou de ouro", brincou o atleta.
O pai de Tiago, dono de um cartório em Bastos, atrasou a chegada ao trabalho para comemorar a vitória do filho. Assim também aconteceu com os irmãos Luiz, de 21 anos, e Rafael, de 15, e com os tios e amigos com os quais conversou por telefone no caminho do hotel. "Foi o Luiz quem me incentivou a lutar", contou.
O vice-campeonato olímpico também poderá significar um bom patrocínio ao atleta, que compete por São Caetano.