São Paulo - Para os campeões olímpicos do judô brasileiro, Rogério Sampaio e Aurélio Miguel, a medalha de Tiago Camilo em Sydney era previsível. Ouro na Olimpíada de Barcelona, em 1992, Rogério Sampaio passou sua primeira noite em claro assistindo às competições de judô por confiar no bom desempenho do jovem judoca.
Para ele, a medalha de prata conseguida pelo garoto de 18 anos foi merecida. "Com um pouco mais de sorte, poderia ter sido ouro", comentou, acrescentando que o resultado alcançado por Tiago é muito importante para o futuro dele e do judô brasileiro.
Aurélio diz ter previsto as condições de Tiago logo depois da classificação para a Olimpíada. "A reação dele quando conseguiu a vaga, muito calmo, foi típica de quem já estava concentrado para a disputa olímpica", comentou o medalha de ouro em Seul, em 1988. O experiente judoca diz que a principal força de Tiago vem da sua capacidade de concentração, determinação e frieza, obviamente aliadas a uma qualidade técnica elevada.
Sampaio tem acompanhado a carreira de Tiago esporadicamente, observando-o em competições. Mesmo assim, não hesita em afirmar que o menino é um talento nato. "Basta ver o seu currículo, que inclui campeonatos mundiais". O medalha de ouro ainda destacou o modo como o jovem judoca apresentou-se nesta olimpíada: nas quatro lutas ganhas, Tiago usou quatro técnicas diferentes de ippon, conseguindo três golpes perfeitos e um waza-ari.
A falta de experiência explica, segundo Sampaio, o fato de Tiago ter saído perdendo em todos os confrontos. Na final contra o italiano, o brasileiro não conseguiu reverter o resultado. "Ele teve de partir para cima e correr o risco que correu, dando um golpe que permitia um contra-ataque", comentou Aurélio.
"Podemos esperar, para o futuro, resultados tão grandes ou melhores do que este", disse Sampaio. Mas o judoca afirmou que talvez não seja hora de se pensar quantas olimpíadas Tiago Camilo ainda tem pela frente. "O momento é de curtir esta medalha."