Sydney - O caminho do Brasil rumo à eventual primeira medalha de ouro no futebol vai passar mesmo pelo continente africano.
Depois de perder para a África do Sul na primeira fase, a equipe do técnico Wanderley Luxemburgo enfrentará a seleção de Camarões, no sábado, pelas quartas de final e poderá até pegar a Nigéria (se os nigerianos vencerem o Chile) na semi-final, o que seria um replay do jogo onde o Brasil foi eliminado das Olimpíadas de Atlanta.
"Mais uma vez vamos enfrentar a escola africana. Trata-se do mesmo estilo que já estamos acostumados e experimentamos aqui com a África do Sul. Vamos agora analisar todos os vídeos das últimas partidas de Camarões, sobretudo para ver se eles marcam com a mesma responsabilidade que os sul-africanos", disse o técnico do Brasil. "Camarões tem fama de não marcar tão bem", completou ele.
Luxemburgo rejeitou que tenha assistido a partida da seleção contra o Japão em estado pré-demissionário. Ele também negou que seja especular a qualidade do sistema de defesa da versão olímpica dos "leões indomáveis", apelido extra-oficial do time de Camarões.
Na véspera da partida que classificou o Brasil para a segunda fase do torneio olímpico, correu um forte boato na concentração do Brasil em Brisbane de que o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, já tinha escolhido o substituto de Luxemburgo e estaria pronto a demitir o treinador em caso de derrota.
Luxemburgo disse que em nenhum momento teve seu trabalho questionado pela cúpula da CBF. Falou ainda que jantou com Ricardo Teixeira na terça-feira, quando ouviu mais uma vez a promessa de continuar treinando o Brasil até a Copa de 2002.
"Já estou acostumado com esse tipo de pressão", disse ele, fazendo em seguida uma espécie de mea-culpa pelas substituições desastradas que ajudaram a seleção a perder para os sul-africanos. "No futebol se aprende a cada dia e a cada jogo. Também aprendi minha lição", afirmou.
Com a vitória sobre o Japão, o Brasil garantiu a classificação e o direito de seguir jogando em Brisbane até perder de novo ou até a final olímpica. Trata-se de uma ótima notícia para a direção do Royal Pines Resort, hotel onde o time está hospedado, e até para os funcionários do lugar.
Pelo visto, todos gostam muito do time brasileiro. Quando os jogadores deixaram a concentração na quarta-feira, rumo ao estádio do Brisbane Cricket Ground, passaram por um corredor formado por funcionários do Royal Pines que aplaudiam os jogadores e desejavam boa sorte ao time que garante a ocupação de pelo menos 45 quartos do hotel, além de bons gastos com alimentação e telefone.