Sydney - Em crise, a seleção olímpica decide nesta quarta-feira, às 6 horas (de Brasília), se permanece ou não na Olimpíada. Luxemburgo não mudou o time e convocou os jogadores à "união". Conquistar a medalha olímpica parece ser sua única chance de se manter no cargo e sonhar em disputar a Copa 2002.
O time enfrenta o Japão, um adversário que passou a ser temido por seu desempenho nos últimos meses. O líder do Grupo D do torneio de futebol masculino venceu as duas partidas disputadas na Austrália e está invicto há 25 jogos.
Em condições normais, o bom retrospecto dos japoneses não seria suficiente para amedrontar os atletas e o técnico do Brasil, Wanderley Luxemburgo. Eles deixaram claro o receio de ter de garantir a vaga num confronto com o Japão, num sinal de inversão de valores e de absoluta tensão após a derrota por 3 a 1 para a África do Sul. "Vamos precisar de toda a atenção do mundo, eles são extremamente perigosos", disse o capitão do time, o meia Alex.
Para se classificar às quartas-de-final, o Brasil precisa vencer por qualquer diferença de gols. Se isso acontecer, a equipe vai depender do resultado de África do Sul e Eslováquia para saber se termina a fase inicial em primeiro ou segundo lugar. Com o empate, o Brasil só continuaria no torneio se os eslovacos superassem os africanos. Uma nova derrota no Estádio The Gabba elimina a seleção dirigida por Luxemburgo.
Esta hipótese poderia desencadear a restruturação da comissão técnica. Com o objetivo de acompanhar a preparação da equipe para a partida, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, seguiu neste domingo para o hotel da delegação, o Royal Pines Resort, em Gold Coast, conversou com Luxemburgo e tentou transmitir tranqüilidade ao grupo.
Para amigos mais próximos, no entanto, Teixeira desabafou sua irritação após a derrota humilhante para a África do Sul, no domingo. Ele não admite novo insucesso e evita falar sobre essa possibilidade -num indício de que afastaria Luxemburgo no caso de desclassificação.
O treinador resolveu não fazer mudanças no time e disse que o jogo com o Japão deve ser encarado como uma eliminatória antecipada. Ele reiterou sua confiança na conquista da medalha de ouro e argumentou que a derrota para os africanos veio num momento oportuno. "O ruim é se há esse descontrole quando não existe mais possibilidade de reação."
Luxemburgo sorriu ao falar sobre a sua situação no comando da seleção e declarou que a não classificação suscitaria uma série de comentários.
"Aí, iam começar a dizer que estou prestigiado, essas coisas do futebol”. Ele também demonstrou respeito ao adversário e exibiu aos jogadores o teipe da partida em que o Japão derrotou a Eslováquia por 2 a 1, também no domingo. "Eles sabem marcar, têm uma equipe muito forte e consistente”. Em 1996, o Japão derrotou o Brasil por 1 a 0 na estréia das duas equipes na Olimpíada de Atlanta.