Sydney - O norte-americano Maurice Greene participa da Olimpíada de Sydney como a grande estrela da velocidade mundial. Grande favorito para a disputa da prova dos 100 metros rasos, "Bala de Canhão", como é chamado por antigos amigos de escola, em Kansas City, onde nasceu, pretende fazer história. Além de ganhar a medalha de ouro na prova mais nobre do torneio olímpico de atletismo, ele promete tentar quebrar o próprio recorde mundial, obtido em Atenas, em 1999, com a incrível marca de 9s79.
A promessa de Greene, que detém os títulos de campeão mundial dos 100 e dos 200 metros, poderia parecer mais um golpe publicitário num ambiente em que a luta de egos é tão grande quanto à competitividade demonstrada nas pistas. Só que o norte-americano já provou que é o melhor velocista da temporada, com atuações brilhantes. Ele tem cinco das dez melhores marcas do ano, as cinco abaixo da barreira mágica dos 10 segundos: 9s86, 9s91, 9s93, 9s94 e 9s98.
Em seu primeiro treino em Sydney, num dos diversos "tiros" dados na pista de aquecimento do Estádio Olímpico, ele teria completado a distância em 9s76, ou seja, mais rápido do que o seu recorde. "Não seria bom ganhar o ouro com um novo recorde?", pergunta o velocista, de 26 anos, 1,75 metro e 79 quilos. "Seria o máximo", responde com a mesma velocidade demonstrada nas pistas. Na prova em que bateu o recorde mundial, no dia 16 de junho do ano passado, Maurice Greene alcançou a velocidade máxima de 42,84 quilômetros por hora na altura dos 60 metros.
A chave de seu sucesso é a perda mínima de velocidade na parte final da prova. Um exemplo disso é que conseguiu cruzar a linha de chegada, em Atenas, com 42,33 km/h. Em Sydney, Greene disputará apenas os 100 metros e o revezamento 4 x 100 metros rasos. Ele não conseguiu classificação na seletiva norte-americana para os 200 metros por causa de uma contusão. Apesar do problema, Greene esbanja autoconfiança. Em sua chegada à Austrália, na semana passada, ele deixou claro que se considera favorito ao ouro.
"O meu maior adversário na prova sou eu mesmo", disse o atleta treinado por John Smith, na Universidade Califórnia- Los Angeles. "Se repetir os meus melhores resultados não darei chance a ninguém." Greene não citou nem mesmo o seu grande amigo e companheiro de treinamentos, Ato Boldon, de Trinidad e Tobago, que integra a lista de candidatos a um lugar no pódio olímpico.
Outros que devem lutar por medalha são o norte-americano Jon Drummond e o nigeriano Francis Abibweku. Os três têm marcas inferiores a 10 segundos nesta temporada. Boldon resume, no entanto, a força de Greene no atletismo. "Maurice é a pessoa mais competitiva que já vi em minha vida", revela o velocista. "Fora das provas é uma pessoa educadíssima, alegre, mas na pista não vê nada além dele mesmo e busca seu objetivo como um trator limpando um campo."
Na Olimpíada de Atlanta, em 1996, o canadense Donovan Bailey ganhou a medalha de ouro, com recorde mundial (9s84). Em Seul, a final dos 100 metros teve o maior escândalo da história do esporte, com a vitória do também canadense Ben Johnson, com 9s79. Johnson foi apanhado no exame antidoping e suas marcas foram cassadas.