Santos - A relação de amor e ódio entre Dodô e a torcida do Santos teve um novo capítulo quarta-feira à noite, na Vila Belmiro, na vitória por 2 a 1 contra o Atlético-PR. E parece não ter fim.
Quando o primeiro tempo terminou e os jogadores dirigiam-se para os vestiários, integrantes de uma uniformizada, insatisfeitos com a fraca atuação do time, que vencia por 1 a 0, não tiveram dúvida em nomear o principal responsável pelo mau futebol e passaram a ofender Dodô. Em retribuição, o atacante fez um gesto obsceno na direção das arquibancadas.
No segundo tempo, fugindo de suas características, correu sem bola e até deu carrinhos. Mas só conseguiu um cartão amarelo. Quando Giba resolveu substituí-lo por Júlio César, foi um verdadeiro massacre moral, tanto que Edmundo resolveu acompanhá-lo até a entrada dos vestiários, num gesto de apoio e como se estivesse levantando uma bandeira branca para os torcedores.
Numa explosão de revolta, Dodô chutou uma proteção de acrílico da escadaria e gritou: "Não dá para jogar no Santos."
Dodô não entende o comportamento de parte da torcida. É o artilheiro desde a saída de Viola -na temporada fez 22 gols, quase um terço do total da equipe.
Pouco antes da estréia do Santos na Copa João Havelange, contra o Vitória, em julho, o presidente Marcelo Teixeira quis saber se o atacante aceitaria ir para o Corinthians, trocado por Edílson, ou se preferia continuar no clube. Dodô respondeu que não queria sair da Vila.
Na quarta-feira, pôde sentir que sua declaração de amor ao clube não foi levada a sério. "Quando estou mal, até entendo as vaias. Estávamos ganhando e eu jogava bem. Então, só pode ser um problema pessoal."
Com a chegada de Edmundo, Dodô achou que sua situação iria melhorar, porque teria com quem dividir a responsabilidade nos jogos em que o time não fosse bem e o gol não saísse. Os torcedores não conseguem esquecer o estilo agressivo de Serginho Chulapa e do marqueteiro Viola, e não aceitam o comportamento de Dodô, atacante talentoso, mas que não procura as oportunidades, preferindo esperar que surjam naturalmente.
Muito diferente de Edmundo, que jamais sai de campo com o uniforme limpo.
Como ambos jogam no mesmo ataque, a comparação é inevitável.